A Aegea saiu vencedora no leilão de saneamento realizado ontem pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
A empresa ficou com os dois blocos licitados, batendo as propostas de outros três grupos: Iguá, Consórcio Sanece e Consórcio Ceará Norte Sul.
A escolha da proposta vencedora levou em consideração o menor valor de contraprestação necessária por parte da Cagece, que fará os pagamentos pelos serviços prestados, mantendo a gestão comercial da concessão de esgoto.
Para o primeiro bloco, a oferta da Aegea embutiu um deságio de 28% (R$ 7,65 bilhões) sobre o desembolso inicial previsto. No segundo bloco, o desconto foi de 38% (R$ 11,37 bilhões). A economia prevista para o desembolso público é de R$ 9,88 bilhões.
A Aegea estima que irá investir R$ 6,2 bilhões em 24 cidades nos 30 anos de prazo dos contratos para a coleta e tratamento de esgoto.
Na visão do Itaú BBA, a Aegea ofereceu “descontos agressivos” e os retornos implícitos provavelmente serão “muito baixos.”
No cenário-base, o analista estima valores presentes líquidos (VPLs) negativos, com TIRs reais variando de 3,6% a 4,3% para o Bloco 1; e de 0,1% a 0,6% para o Bloco 2.
“Pode haver algum upside se a empresa conseguir acelerar os índices de cobertura, adicionando mais clientes mais rápido do que o previsto, ou reduzir o capex,” escreveu o Itaú BBA.
O analista espera que 2023 seja um ano mais movimentado para os leilões de saneamento: o pipeline do BNDES prevê quatro operações em Porto Alegre, Arapiraca, Sergipe e Rondônia.
A Aegea já operava no Ceará através da concessão de esgoto no Município do Crato, na região metropolitana do Cariri. A empresa passará a operar em 178 municípios e 13 estados, atendendo aproximadamente 26 milhões de habitantes.