Depois de sete anos na Intermédica, Massanori Shibata agora terá que provar que é ‘bom pra cachorro.’
A Petz acaba de contratar o ex-vp de filiais da operadora de saúde como seu novo vp de serviços, uma posição criada agora pela companhia para cuidar dos hospitais e clínicas veterinárias da rede, bem como de um plano de saúde para pets que será lançado ainda este ano.
A nova posição inclui ainda serviços como banho, tosa e adestramento, além da criação de serviços novos como dog walker e pet sitter.
Na Intermédica, Massanori era o responsável pela integração dos ativos adquiridos pela operadora de saúde. Antes, passou outros oito anos na Santa Helena, a operadora comprada em 2017 pela Amil.
Na Petz, o executivo terá o desafio de dar tração a uma vertical ainda pequena, mas que tem um potencial de crescimento relevante. Massanori disse ao Brazil Journal que optou por sair de sua “zona de conforto” porque o mercado de saúde pet é um “oceano azul. É muito nascente no Brasil, e ainda tem muitas oportunidades”.
A Petz tem 16 hospitais e cerca de 150 clínicas veterinárias, que respondem hoje por menos de 5% da receita da empresa. O mandato de Massanori é pelo menos dobrar essa participação nos próximos anos.
“A área destinada a serviços é uns 10%-15% das nossas lojas,” disse a CFO Aline Penna. “A receita deveria pelo menos chegar nesse nível, para justificar o espaço.”
Parte relevante do trabalho de Massanori será colocar de pé o plano de saúde da Petz — o primeiro do mercado que vai operar num modelo verticalizado.
Num primeiro momento, o plano de saúde deve ajudar a aumentar a ocupação dos 16 hospitais da rede, diluindo os custos e aumentando as margens dessas operações — que hoje são menores que a média da empresa. Mas a Petz também vê espaço para expandir a rede conforme a demanda pelo plano de saúde for crescendo.
No Brasil, a penetração dos planos de saúde na população pet ainda é ínfima — são apenas 150 mil cães e gatos segurados de um total de mais de 90 milhões de bichinhos.
Na Inglaterra, essa penetração é de 25%; na Suécia, de 40%; e na Noruega, de 14%.
Aline disse que a Petz olhou muitos players internacionais de planos de saúde pet e que há dois grandes ofensores de margem: o chamado PAC (pet acquisition cost), e a rede credenciada, já que as operadoras não têm nenhum controle dos custos.
“A gente não vai ter nenhum desses ofensores,” disse ela. “A aquisição dos clientes vai ser feita nas nossas lojas, com nossos mais de 7.000 funcionários oferecendo ativamente para os clientes, e a gente vai ter um controle grande dos custos por sermos verticalizados.”
A Petz tem uma base de mais de 2,3 milhões de clientes ativos, dos quais 350 mil são assinantes de produtos no digital (e, portanto, mais fiéis à marca).
Segundo Massanori, o mercado de planos de saúde pet deve passar por uma forte turbulência nos próximos anos, quando a sinistralidade chegar mais forte.
“Todos os planos que existem hoje são com redes credenciadas, no modelo de repasse, reembolso, em que eles não controlam nada. Quando os custos começarem a vir mais forte, com o envelhecimento da população, esses planos vão enfrentar um sério problema,” disse ele.
Nesse contexto, ele acredita que o modelo verticalizado da Petz será um diferencial, “tanto pelo controle da informação quanto pelo modelo de saúde integrada, que atua também na prevenção.”