Nos últimos 60 anos, o Tommasi se firmou como o principal laboratório de análise clínica do Espírito Santo — abocanhando um market share de quase 50% na região.
Mas desde o ano passado, a rede familiar começou a sentir o bafo da concorrência cada vez mais forte em seu cangote.
O Fleury comprou o Pretti e a Bioclínica, os dois maiores competidores do Tommasi, e deve começar uma expansão acelerada no Estado.
Para não ser engolido pelo gigante nacional, a saída do Tommasi foi ele próprio virar um consolidador, transformando-se de presa em caçador.
Pela primeira vez em sua história, o Tommasi saiu às compras, adquirindo três laboratórios do estado por um total de R$ 100 milhões.
No primeiro trimestre, o Tommasi comprou o Labortel, que é focado principalmente em atender o SUS. Agora, acaba de fechar mais duas aquisições, colocando para dentro o São Marcos e o Centrolab, muito forte no norte do estado.
“É um movimento defensivo, de sobrevivência,” o COO Bruno Tommasi disse ao Brazil Journal. “Estamos fortalecendo nossa presença no Espírito Santo para nos proteger desses avanços.”
Bruno é filho do fundador, Henrique Tommasi, que aos 85 anos ainda é o CEO e presidente do conselho. A rede é controlada 100% pela família.
Segundo o herdeiro, a rede já foi abordada por todas as grandes companhias do setor, mas seu pai nunca quis vender. “Ele quer perpetuar o negócio e deixar um legado.”
As três aquisições complementam o posicionamento do Tommasi, que tem um perfil mais premium focado nos planos de saúde com maior remuneração (ele não aceita a Unimed e a São Bernardo, por exemplo, as duas maiores operadoras do Estado).
“Agora temos o Labortel na base da pirâmide, o São Marcos e Centrolab como marcas mais de combate, e mantemos o Tommasi atendendo o público mais premium,” disse Bruno.
Segundo ele, há ainda um outro M&A em negociação, que deve sair ainda este ano e complementar essa pirâmide, ficando entre o São Marcos e Centrolab e o Tommasi em termos de posicionamento de preço.
A rede está em negociação também para a criação de uma joint venture no Rio de Janeiro, onde o Tommasi opera hoje com 8 centros de coleta. (As amostras são processadas em Vitória).
As aquisições também vão permitir ao Tommasi continuar crescendo mesmo quando a covid acabar. A rede faturou R$ 200 milhões nos últimos 12 meses, mas cerca de metade disso veio de contratos com empresas relacionados a testes de covid.
Essa vertical — que em breve deve deixar de existir — também jogou a margem EBITDA lá em cima, para mais de 50%.
Se a receita com os testes de covid continuar, Bruno disse que espera faturar R$ 250 milhões este ano. Já no pior cenário, o faturamento poderia cair para R$ 150 milhões. (As três redes adquiridas faturam juntas R$ 50 milhões).
Segundo ele, o Tommasi espera crescer num ritmo de 20% ao ano nos próximos cinco anos com margem EBITDA de 20%. Por enquanto, todos os M&As foram bancados com o próprio caixa da companhia.
A L6, uma boutique de M&A do Rio focada em empresas familiares, assessorou a Tommasi nas três aquisições.