A CVC Corp. precificou agora à noite uma oferta de ações que coloca R$ 400 milhões no caixa da operadora de turismo num momento em que os brasileiros retomam as viagens.
As 52,5 milhões de ações saíram a R$ 7,70 – curiosamente, pouco acima da mínima que a ação bateu no início da pandemia, em 20 de março de 2020, quando o papel fechou a R$ 7,43.
A CVC, que tem mais de 1.100 franqueados no Brasil, vale R$ 2 bilhões na Bolsa.
Com valuations deprimidos em todo o mundo, um Fed em ‘Volcker mode’ e o mood de mercado mais negativo desde o impeachment de Dilma, o preço da oferta ficou 6,2% abaixo do fechamento do papel no dia do anúncio e 13% abaixo do fechamento de hoje.
O book foi quase 3x coberto, com participação praticamente igual entre investidores locais e internacionais, e a chamada oferta prioritária – em que os atuais acionistas exercem seu direito de preferência – chegou a 40% do total.
Os recursos vão ajudar o CEO Leonel Andrade a reforçar o capital de giro e pagar uma dívida que vence no curto prazo – e colocam a companhia em uma situação de caixa líquido (ao menos momentaneamente), dado que a CVC fechou o último tri com apenas R$ 356 milhões de dívida líquida.
A dívida bruta é de R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 1 bilhão em debêntures, e alguns papeis com vencimento em 2023 e 2025 pagam CDI + 6% e CDI +6,75%.
Se tudo der certo daqui pra frente, a oferta de hoje será a última etapa na reestruturação do capital da companhia.
Entre julho de 2020 e fevereiro de 2021, a CVC levantou R$ 666 milhões num aumento de capital em duas fases que saiu a R$ 12,84/ação. A empresa também trabalhou com o mercado para alongar prazos e repactuar as taxas de todas as suas emissões. Em agosto passado, um outro aumento de capital levantou R$ 400 milhões a R$ 19,08/ação — com boa parte também usada para amortizar dívida cara.
Apesar do preço do papel semelhante ao pré-pandemia, o valuation da empresa é mais que o dobro. Antes das recapitalizações, a empresa tinha 150 milhões de ações emitidas. Hoje tem 277 milhões.
A empresa disse no material do roadshow que os bookings voltaram de forma muito relevante em abril e maio.
Os maiores acionistas da companhia são o Opportunity (com cerca de 20% do capital) e um fundo de PIPE do Pátria.
Citi e Bank of America coordenaram a oferta.