Ah, os Hamptons… o sol, o mar…

 
E as placas de “vende-se”.
 
Nas praias mais famosas (e caras) de Nova York, o estoque de mansões à venda não para de crescer: 869 imóveis estão disponíveis hoje, o número mais alto dos últimos sete anos e três vezes maior que o estoque no mesmo período do ano passado.   

O amontoado de casas é resultado de cinco trimestres consecutivos de queda nas vendas. De janeiro a março, apenas 297 imóveis trocaram de mãos nos Hamptons — o pior primeiro trimestre dos últimos sete anos. O que está saindo?  Só as casas mais baratas. 

O valor mediano das transações foi de US$ 850 mil, e 59% dos negócios envolveram casas abaixo de US$ 1 milhão. 

Mas por que os Hamptons estão encalhando num momento em que a economia americana cresce mais de 3% ao ano? 

O fundamento econômico do mercado é a reforma tributária de Donald Trump. 

Implementada em janeiro do ano passado, a nova lei mudou as regras relacionadas às deduções no imposto de renda dos juros das hipotecas e dos impostos de propriedades, tornando menos atrativa a compra de um segundo imóvel e deixando muitos potenciais compradores confusos com as mudanças.

“Estamos no meio de um período de transição pós nova lei tributária, onde [os imóveis] high end estão sofrendo”, o presidente da Miller Samuel, a consultoria imobiliária que fez o estudo, disse à Bloomberg. “O que realmente está vendendo é um padrão mais baixo, então há mais estoque exposto.”

A nova realidade dos Hamptons fez inclusive com que a consultoria tivesse que redefinir seus padrões de luxo. 

Historicamente, o valor médio das casas mais caras vendidas nos Hamptons (uma espécie de ranking das top 10%) era de US$ 3,8 milhões. Neste ano, o valor caiu para US$ 3,2 milhões, diminuindo a régua do que a consultoria considera “luxo”. 

A expectativa é que as vendas comecem a melhorar nos próximos meses, conforme o mercado se estabilizar e o alto estoque tornar os vendedores mais flexíveis em sua ambição de preço.

Mas, se o quadro continuar como está, o futuro dos Hamptons não deve ser nada glamouroso: no ritmo atual, a Miller Samuel estima que levaria cerca de 7 anos e meio para desovar todo o estoque de imóveis.