A DNA Capital, da família Bueno, está investindo R$ 300 milhões na empresa de prescrição médica Memed, uma injeção de capital que permitirá monetizar a base de mais de 120 mil médicos que a startup construiu nos últimos oito anos.
A transação inclui uma pequena parcela secundária que dará saída a todos os investidores — os fundos Redpoint eVentures, Monashees e Qualcomm Ventures, além dos fundadores — e uma primária que vai financiar a criação de um marketplace de medicamentos.
O aporte de hoje é quase 10 vezes o que a Memed havia levantado até agora: R$ 33 milhões em quatro rodadas de capital.
Com a aquisição, os fundadores Ricardo e Rafael Moraes (que são irmãos) e Marcel Ribeiro deixam o dia-a-dia da operação e passam a fazer parte de um comitê executivo (uma espécie de conselho de administração com um papel mais ativo).
O novo CEO será Joel Rennó Jr, que foi o CFO do Hotel Urbano e da OLX, onde liderou as fusões com o Bom Negócio e a VivaReal.
O investimento da DNA está sendo feito por um novo fundo levantado junto a quatro investidores, incluindo fundos soberanos e family offices.
Luiz Henrique Noronha, o gestor da DNA, disse ao Brazil Journal que os investidores já se comprometeram a colocar mais capital na empresa dependendo da evolução do negócio.
Fundada em 2012, a Memed ajuda médicos a fazer a prescrição digital de medicamentos e exames, eliminando o papel e a caneta — e facilitando muito a vida dos pacientes (que não precisam mais lutar para tentar decifrar o garrancho dos médicos).
A Memed criou uma plataforma que se conecta aos prontuários eletrônicos por meio de uma API, dando aos médicos acesso a uma base de dados com milhares de medicamentos e exames diferentes.
Quando vai prescrever um remédio, o médico entra na plataforma, escolhe o medicamento e a dosagem, e envia a prescrição diretamente para o celular do paciente. Na hora de comprar o remédio, o paciente mostra apenas um QR Code na farmácia.
A Memed passou os últimos oito anos construindo uma base robusta de mais de 120 mil médicos cadastrados na plataforma, além de centenas de operadoras, prontuários e farmácias parceiros.
A startup cresceu na pandemia — que digitalizou à força boa parte da população. Depois de gerar 13 milhões de prescrições no ano passado, a Memed já bateu mais de 10 milhões só nos primeiros seis meses deste ano.
Agora, a DNA quer virar a chave e começar a monetizar essa base.
Para isso, está criando um marketplace que vai permitir que o paciente compre o medicamento e agende seus exames direto pela plataforma da Memed.
Na prática, quando ele receber a receita digital no celular, do lado do nome dos remédios haverá um botão com a opção “comprar”. Ao clicar, o paciente será direcionado a uma página com diversas opções de farmácias que vendem aquele produto. A cada venda, a Memed terá uma comissão.
Noronha, da DNA, diz que é difícil estimar a penetração que esse marketplace pode ter na base da Memed, mas que a “quebra” no Brasil (pessoas que recebem uma receita mas acabam não comprando o remédio na farmácia) gira em torno de 30%.
“Com a migração para o digital, essa quebra deve diminuir muito. Nos EUA, por exemplo, a cada dez prescrições, nove são compradas nas farmácias,” diz ele.
No longo prazo, a Memed deve trabalhar também outras possibilidades de monetização da base. Uma delas: ajudar a indústria farmacêutica a se conectar de forma mais simples e assertiva com os médicos.