A FinTech Collective — uma gestora de venture capital de Nova York com foco crescente no Brasil — acaba de finalizar a captação de mais dois fundos para investir em startups do setor financeiro.
A gestora — que investe nos EUA, Europa, África e América Latina — levantou US$ 200 milhões para seu fundo III, o dobro do fundo anterior, captado em 2017.
Um outro fundo, de US$ 50 milhões, vai focar apenas no chamado DeFi (decentralized finance), essencialmente empresas que fornecem produtos ou serviços que usam blockchain para validar operações.
A captação foi feita junto a investidores institucionais — de fundos de pensão a bancos e family offices.
Tipicamente, a FinTech Collective assina cheques entre US$ 2 milhões e US$ 10 milhões, e entra em seed rounds e Séries A; uma parcela do capital fica reservada para participar de follow-ons.
Fundada em 2012 por ex-executivos da Multex, uma multinacional comprada depois pela Reuters, a gestora foi uma das primeiras a focar apenas no nicho das fintechs — numa época em que o setor parecia o nicho do nicho.
“As pessoas achavam uma tese muito pequena, muita restritiva,” Carlos Alonso Torras, o head de investimentos em mercados emergentes, disse ao Brazil Journal.
Hoje, a oportunidade de mercado é para lá de óbvia. Os maiores unicórnios do mundo estão todos em fintechs: na Ásia, a Ant Financial, avaliada em US$ 200 bi; na América do Norte, a Stripe (US$ 95 bi); na Europa, a Klarna (US$ 31 bi); na América Latina o Nubank (US$ 25 bi); e na Índia, a PayTM (US$ 16 bi).
No mundo todo, há 94 fintechs avaliadas em mais de US$ 1 bilhão — e 46 delas estão nos EUA.
Desde que foi fundada, a FinTech Collective fez dois investimentos no Brasil: a Contabilizei, que ajuda pequenas e médias empresas na gestão da contabilidade, e a Rebel, que se fundiu recentemente com a Geru. O novo fundo deve anunciar seu primeiro investimento no País ainda este ano.
Espanhol de pai brasileiro, Carlos está na FinTech Collective há dois anos, depois de trabalhar como trader de câmbio no JP Morgan e empreender na Suyo, uma proptech na Colômbia.
O novo fundo da FinTech Collective já fez cinco investimentos de um total de 30 a 40.
Meses atrás, liderou uma rodada de US$ 14 milhões na mexicana Minu, que criou uma solução de antecipação de salários e plataforma de saúde financeira para os funcionários das empresas clientes.
O novo fundo também investiu nas americanas NYDIG, uma gestora de criptomoedas, e na Willa, uma solução de pagamento e antecipação de recebíveis para criadores de conteúdo.
“A economia criativa está crescendo muito nos últimos anos, mas muitos desses profissionais freelancers às vezes demoram 30, 60 dias para conseguir receber o pagamento,” disse Carlos. “A Willa cobra uma pequena taxa a cada pedido de pagamento, e o usuário recebe seu dinheiro em menos de 30 segundos.”