Num dia desgraçado para a política brasileira, as pessoas que fazem o mercado financeiro reagiram com tristeza, desânimo e até revolta à morte de Eduardo Campos, aos 49 anos e no auge de uma carreira política que poderia levá-lo à Presidência.
Além do choque com a morte prematura, prevaleceram as análises sobre as implicações de sua morte para o segundo turno das eleições.
Seguem trechos de conversas ao longo do dia:
“Impressionante como só morrem os políticos capazes de fazer a diferença e mudar um pouco as coisas: o Tancredo, o Luis Eduardo Magalhães, e agora esse cara.”
“Ele era o único no PSB que conseguia domar esses políticos rudimentares: Ciro Gomes, Erundina…. Ele ia conseguir ter maioria no Congresso porque ia conseguir trazer esses caras, mas teria uma agenda reformista.”
“A incerteza que tenho é se Marina vai se candidatar ou não, porque talvez ela não queira se lançar pelo PSB. A segunda dúvida é se ela apoiaria Aécio no segundo turno, como o Eduardo claramente planejava fazer.”
“A Marina tem um recall muito mais próximo do Aécio, então eles devem aparecer mais empatados nas pesquisas. Ela rouba votos da Dilma.”
“O maior risco hoje é [Marina] não concorrer, o que aumentaria a probabilidade da Dilma ganhar no primeiro turno.”
“Começa agora uma batalha de 10 dias de pressão popular sobre uma pessoa que tem 20 milhões de votos, a Marina. De um lado, vai haver a pressão dos atores do PSB, que só serão protagonistas da política se ela se candidatar. Do outro, haverá um grande leilão. Para o PT, se o PSB botar um camarada qualquer na cabeça de chapa, só para não ficar evidente que ele foi cooptado pela Dilma… esses caras podem cobrar essencialmente o que quiserem, porque eles entregam a eleição para a Dilma no primeiro turno. Haverá uma pressão insuportável do PT sobre o PSB.”
“Não importa a forma como você analisa isso, o Aécio é quem mais perdeu com essa tragédia. Ou a probabilidade de segundo turno, que já era de uns 90%, vai para 100% mas ele não chega lá, ou a Marina não concorre e ele perde a eleição agora.”
“Imagino que a Marina é uma candidata até mais forte que o Eduardo, e até mais forte que o Aécio. O problema agora é o segundo turno ser entre Dilma e Marina, o que seria um desastre para o País. (…) O Eduardo tinha muito mais punch que o Aécio, entusiasmava mais.. O caso do Jornal Nacional foi típico… Para quem está simbolizando mudança, o Aécio não diz muita coisa. Aliás, o Jornal Nacional tem sido não uma entrevista, mas quase um inquérito policial: as pessoas têm que ficar na defensiva e com isso perdem muito a oportunidade de dizer o que querem fazer.”
“Os três melhores governadores jovens do Brasil eram Sérgio Cabral, o Eduardo e o Aécio. O Cabral implodiu, o Eduardo morreu, só sobrou o Aécio. A perda é muito grande olhando pra frente. Você não tem nenhuma liderança nova, com qualidade, para as próximas eleições. Eu fiquei triste.”
“O cara era pai de cinco filhos. Como pai de três, isso é uma tragédia que me atinge profundamente, independentemente de qualquer ramificação, e obviamente haverá muitas. É uma tragédia muito grande e muito cedo pra dizer qualquer coisa.”