Talvez seja ‘o alçapão no fundo do poço’, do qual falou Luis Stuhlberger ao descrever a economia brasileira no início da semana.

O fato é que não há nada tão ruim que não possa piorar e, pela segunda vez em cinco meses, a agência de risco Standard & Poor’s cortou a nota de risco do Brasil, pressionando o dólar e enfraquecendo a Bovespa no final da tarde desta quarta.

Dilma Rousseff Em setembro, a S&P já havia cortado a nota do Brasil para ‘junk’ (‘lixo’) e mantido a perspectiva para o risco brasileiro como ‘negativa’.

O segundo corte veio hoje, com a agência dizendo: “Os desafios políticos e econômicos que o Brasil enfrenta continuam consideráveis, e nós agora esperamos um processo de ajuste mais prolongado — uma correção mais devagar na política fiscal e também mais um ano de contração econômica aguda.”

A agência disse ainda: “Com os déficits do governo e a dívida líquida ficando, em média, ao redor de 7% e 60% do PIB, respectivamente, durante 2016-2018, e nossa nova avaliação sobre possíveis contingências se originando do peso da dívida da Petrobras, acreditamos que não há mais flexibilidade suficiente na política econômica para podermos fazermos uma distinção entre a nota de crédito do Brasil em moeda local e moeda estrangeira.”

Mais uma vez, a S&P manteve a perspectiva da nota brasileira como ‘negativa,’ e disse que as chances de um terceiro corte na nota são hoje maiores do que 33%.

A agência disse que o risco de um novo corte está ligado ao “risco de reversões importantes na política econômica por causa da dinâmica fluida da política brasileira e políticas de governo inconsistentes, ou como resultado de uma turbulência econômica maior do que esperamos no momento.”

***

Para saber mais sobre o problema estrutural das contas públicas brasileiras, leia aqui .

Para entender como a falta de clareza intelectual no Governo prejudica a economia, leia aqui .