O eventual fracasso das negociações para aprovar o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia pode levar a filas de até 30 quilômetros em Dover, o porto inglês mais próximo da França e uma das principais portas de entrada de mercadorias para os ingleses.
Um estudo encomendado pelo governo britânico e revelado agora à noite pelo Financial Times mostra que, sem um acordo com a UE sobre os termos de saída, a introdução dos novos procedimentos aduaneiros poderá levar a congestionamentos permanentes, dependendo do tempo de processamento de cada caminhão.
Se cada caminhão ficar 60 segundos a mais na inspeção, o estudo estima filas de seis a oito horas nos dias de maior tráfego. E, se chegar a 80 segundos, o congestionamento atingirá o que o estudo chama de “no recovery” – em outras palavras, seria permanente.
Dover recebe 10 mil caminhões por dia. Com o fim do livre trânsito para a Europa, o governo estima que terá de processar 200 milhões de declarações aduaneiras por ano.
O estudo foi encomendado em 2017 ao University College de Londres, mas nunca havia sido publicado.
O Parlamento britânico deve votar no próximo dia 15 o acordo pactuado com Bruxelas pela Primeira Ministra Thereza May. Se o acordo for rejeitado pelo Parlamento, a partir de 29 de março entra em vigor um acordo de saída padrão, que prevê condições piores para o Reino Unido. É o que os britânicos estão chamando de “no-deal Brexit”.
O governo testou hoje um plano de contingência em Dover que prevê o uso de um aeroporto desativado na região com capacidade para abrigar 6.000 caminhões.
Ao FT, o Ministério dos Transportes declarou que o estudo da UCL é apenas um de tantos que foram encomendados após o referendo que aprovou o Brexit, e que o governo está empenhado em garantir um acordo com a UE. Caso não haja acordo, o governo diz que “será buscado um acordo com as autoridades da França.”