A Cidade Maravilhosa acaba de ser escolhida para sediar a edição brasileira do Web Summit – um dos maiores eventos de tecnologia e inovação do mundo, que reúne mais de 70 mil pessoas todo ano em Lisboa.
A primeira edição brasileira vai acontecer daqui a um ano, entre os dias 1 e 4 de maio, num espaço de mais de 100 mil metros quadrados no Riocentro.
O Rio de Janeiro estava disputando o evento com duas outras capitais: Porto Alegre e Brasília.
O movimento faz parte de um esforço mais amplo do Rio para atrair investimentos privados e se posicionar como a capital latinoamericana da tecnologia e inovação.
Como parte desse esforço, o Rio já trouxe três grandes eventos de tech nos últimos 12 meses: o Rio Innovation Week, que aconteceu em janeiro; o Ethereum Rio, em março; e o Rio2C, na semana passada.
Além de atrair o Web Summit, a cidade deve sediar em agosto um novo evento de cripto – o Unblockd – que está sendo organizado pela Dream Factory, da mesma holding que organiza o Rock in Rio, e pelo Grupo C + D.
O Web Summit “marca um novo momento para a cidade: a atração de investimentos e empresas, a transformação do ambiente de negócios e a qualificação do nosso capital humano são um salto extraordinário pra tornar o Rio a capital da inovação na América Latina,” o Prefeito Eduardo Paes disse ao Brazil Journal. “O Rio volta a pensar grande.”
As negociações para a vinda do Web Summit ao Brasil começaram bem ao estilo do mercado de tech… nas redes sociais.
Em dezembro de 2020, Paddy Cosgrave – o irlandês que fundou o Web Summit há mais de dez anos – postou um tweet provocando os brasileiros e perguntando quem iria ganhar a disputa pelo Web Summit Brasil: Porto Alegre ou Rio.
“Na época eu mandei esse tweet para o Paes e falei que esse evento era super importante estrategicamente e que não podíamos perder essa de jeito nenhum!” disse Rodrigo Stallone, o presidente da InvestRio, a agência de fomento a investimentos da cidade.
No dia seguinte, Paes respondeu o tweet de Paddy dizendo que o Rio estava de braços abertos.
Stallone negociou a vinda do Web Summit com a Connected Intelligence, a holding que controla o Web Summit e outros dois eventos de tech no mundo – o Collision, em Toronto, e o Rise, em Hong Kong.
Para a Connected, a franquia brasileira é uma expansão natural do negócio em um dos poucos continentes em que ela ainda não tinha presença: a América Latina. O próximo passo deve ser criar uma filial na África.
Já para o Rio, a vinda do Web Summit é uma vitória dupla. Além de atrair investimentos para a cidade e movimentar o turismo nos quatro dias do evento, a Prefeitura conseguiu costurar um contrato que a isenta de fazer qualquer desembolso de recursos públicos.
Diferente do modelo de Lisboa, no qual a cidade paga com recursos públicos pelos royalties do uso da marca, o Rio vai pagar esse valor com os patrocínios que atrair para o evento.
Para garantir que o evento aconteça, a Senac/Fecomércio também entrou como garantidor da operação: se a cidade não conseguir arrecadar todo o valor dos royalties com patrocínio, a instituição vai complementar o valor.
Para tornar o patrocínio mais atrativo para as empresas, o Rio também conseguiu que as cotas de patrocínio dêem direito à exposição das marcas tanto no Web Summit Rio quanto nos outros três eventos da Connected (Web Summit Lisboa, Collision e Rise).
Inicialmente, o contrato com a Connected é de três anos, com possibilidade de extensão por mais três.
A expectativa da Prefeitura é atrair de 30 a 35 mil pessoas já na primeira edição do evento, que deve movimentar (direta e indiretamente) cerca de R$ 1 bilhão.
No sexto ano, a prefeitura projeta um público de mais de 70 mil pessoas e uma movimentação financeira de R$ 3 bilhões.
“Isso vem dos empregos que o evento gera e do turismo, mas também da atração de empresas para a cidade,” disse Stallone. “Tanto o Google quanto a BMW, por exemplo, decidiram abrir suas sedes europeias em Lisboa porque viram a cidade como um epicentro de inovação. Achamos que o Web Summit vai fazer a mesma coisa aqui: quando uma empresa olhando para o Brasil vir que o Rio está focando em tecnologia e inovação, ela vai querer vir pra cá.”