Depois da OGX e da OSX, o império de Eike Batista ainda pode parir sua terceira recuperação judicial.
A Eneva, a antiga MPX, está correndo contra o relógio para levantar capital e evitar um pedido de recuperação judicial, de acordo com o site de notícias americano REDD, especializado em reestruturação de dívida, numa reportagem publicada ontem à noite depois do fechamento do mercado.
Os investidores já sabem há meses que a situação da Eneva é delicada. As ações da empresa, que começaram o ano a R$ 3, hoje negociam a R$ 1,17.
De acordo com o REDD, a Eneva tem duas opções na mesa: vender suas térmicas a carvão — Itaqui e Pecém II — para a sua maior acionista, a empresa alemã E.ON, ou buscar uma nova injeção de caixa junto a todos os seus acionistas.
O problema é que esta seria a segunda operação de salvamento da MPX em apenas oito meses, e os alemães da E.ON teriam dificuldade de explicar a seus próprios acionistas como é que se meteram num negócio que não para de sangrar caixa.
Em setembro, a E.ON, o Banco BTG Pactual e outros investidores injetaram R$ 800 milhões na Eneva a R$ 6,45 por ação. Considerando o preço da ação hoje, pagaram caríssimo.
A E.ON está numa sinuca de bico. Se colocar mais dinheiro na Eneva e passar a controlar a empresa, ela terá duas dores de cabeça. Primeiro, as regras contábeis a obrigariam a reconhecer em seu balanço na Alemanha todas as dívidas da Eneva, o que “contaminaria” sua posição financeira. Segundo: Ao tomar o controle da Eneva, a E.ON abrirá, sem querer, uma discussão sobre o direito dos acionistas minoritários da Eneva de receber alguma coisa.
Segundo o site especializado, o CEO da Eneva, Fábio Bicudo, disse a credores que, qualquer que seja a solução, ela vai aparecer nos próximos dias.
A Eneva tem R$ 6,2 bilhões em dívida bruta, R$ 2,4 bilhões dos quais vencem nos próximos doze meses.
No mercado, muita gente acha que uma recuperação judicial não resolveria o problema. “Boa parte da dívida da Eneva está nas suas subsidiárias, e é dívida com o BNDES, que tem a garantia sobre os ativos”, diz um analista que acompanha o setor. Em outras palavras: numa recuperação judicial, o BNDES fica dono das térmicas, e os outros credores ficam a ver navios.