Só há uma explicação plausível — fora a venda da própria empresa — para a alta de 40% nas ações da General Shopping em duas semanas: Alessandro Veronezi vai fazer a coisa certa.
Há dois anos, Veronezi, cuja família controla a General Shopping, tomou uma decisão que destruiu valor para a empresa na Bolsa (ainda que seus shoppings, como o Outlet Premium em Itupeva, continuem a vender muito bem, obrigado).
Em vez de fazer um aumento de capital para financiar a construção de mais shoppings, Veronezi resolveu tomar uma dívida cara. Caríssima.
A empresa lançou US$ 150 milhões em títulos no mercado internacional e concordou em pagar 12% de juros — em dólar! — por ano. (Com os custos para se proteger de uma desvalorização cambial, a despesa total vai para 17%.) Isso, em cima de outra dívida em dólar que a empresa já havia tomado: US$ 250 milhões dos chamados “bônus perpétuos”, que pagam 10% ao ano.
Analistas previram que o serviço dessa dívida colocaria em risco a saúde financeira da empresa. Minoritários protestaram. Mas Veronezi fez ouvidos de.. dono de shopping.
Mas por que os Veronezi teriam tomado uma decisão que machucava o balanço da empresa? Há várias versões, mas a de mais fácil compreensão é a tentativa da família de manter intocada sua posição na companhia.
Através de um veículo chamado Golf Participações, os Veronezi controlam 59% da General Shopping. Se tivessem emitido novas ações lá atrás (e não colocassem mais dinheiro na empresa), sua participação teria caído abaixo de 50%. Se em algum momento decidissem vender a empresa (para uma BR Malls ou uma operadora de shoppings internacional, por exemplo), quanto mais ações eles tivessem da empresa, mais ganhariam na venda.
A recente explosão no preço da ação (só na sexta-feira a alta foi de 20%) provavelmente indica que a General Shopping pretende recomprar seus títulos no mercado internacional e aposentar essa dívida cara. Aguarde-se, agora, o Fato Relevante.
A outra vantagem desse recompra: a empresa, que só tem faturamento em reais, acabará com uma dívida em moeda forte que poderia quebrá-la se o dólar disparasse.