Depois de muito tempo sem realizar um desinvestimento relevante, a GP Investimentos anunciou a venda de 100% da Sascar, uma empresa de gestão de frotas, para o grupo Michelin.
A GP e um de seus fundos de private equity venderam a Sascar por 1,6 bilhão de reais (incluindo a dívida da empresa), e só a GP vai receber cerca de 104 milhões de dólares, o equivalente a 38% de seu valor de mercado no fechamento de sexta-feira.
Foi um excelente negócio — e um múltiplo que dificilmente seria conseguido num IPO.
Para saber se a GP “vendeu bem”, o mercado olha o múltiplo da transação — neste caso, o valor da firma dividido por sua geração de caixa — e o compara com o múltiplo da própria GP no mercado. Enquanto a Sascar foi vendida por 15 vezes este múltiplo, a GP negocia a 8 vezes (considerando a soma da geração de caixa de cada empresa investida pela GP).
A última operação de venda feita pela GP havia sido a de sua participação remanescente na Estácio, em setembro de 2013. O investimento na Estácio gerou um retorno de 2,3 vezes num período de cinco anos, e uma taxa interna de retorno (em dólares) de 18% ao ano.
No caso da Sascar, o retorno foi de 2,6 vezes, e a taxa interna de retorno (em dólares) foi de 33%.
Há muito tempo, o mercado olha para a GP com estupefação. Com uma série de investimentos infelizes — como a rede de clínicas odontológicas Imbra, a empresa de serviços para a cadeia de petróleo San Antonio e a empresa de lácteos LBR — a GP conseguiu destruir a fama, que cultivou nos anos 90, de que possuía um “toque de Midas”.
Agora, a venda da Sascar vai ajudar as ações da GP a pelo menos diminuir o desconto a que são negociadas. Alguns analistas calculam que a soma das participações da GP em empresas investidas, menos sua dívida, dá um valor de cerca de oito reais por ação. A GP negocia a apenas 4,70 reais, mesmo após a alta de 9,5% na abertura de hoje.
Na cesta de investimentos da GP, ainda há algumas cebolas a serem descascadas: os desastres da San Antonio e da LBR, que a maioria dos analistas dizem valer zero.
Já a safra mais recente de investimentos da GP é mais promissora: a varejista de material esportivo Centauro, a rede voltada para tratamento de cabelos crespos Beleza Natural, e a BR Towers, uma gestora de infraestrutura de telecomunicações, particularmente torres de telefonia celular.