A ação do Twitter está caindo 13% na Bolsa de Nova York, depois que a empresa anunciou resultados bem melhores do que o mercado esperava.
Como assim?
O episódio — raríssimo — ilustra o preço que um CEO paga por exercer uma liderança verdadeira, mesmo quando confrontado com as exigências de curto prazo de investidores e analistas.
Os números do segundo trimestre do Twitter, anunciados ontem à noite, foram tão bons que mereceriam o hashtag #agoravai.
O faturamento subiu 61% para 502 milhões de dólares (os analistas esperavam 481 milhões), e o aplicativo conseguiu 2 milhões de novos usuários: de novo, mais do que o mercado esperava.
Por um momento, a ação do Twitter chegou a subir no after market (as negociações que continuam mesmo depois que a Bolsa fecha), até que o co-fundador e CEO da empresa, Jack Dorsey, começou a teleconferência com investidores.
Dorsey tinha duas opções: surfar o bom resultado e fingir que estava tudo bem, ou mostrar que continua insatisfeito com a performance da empresa, e que o Twitter tem que sonhar grande.
Escolheu a honestidade brutal. Disse que o baixo crescimento do Twitter era algo “inaceitável” e que ele “não está feliz com isso.” Fez mais: admitiu que a empresa não conseguiu até agora articular sua estratégia de forma a alinhar todos os funcionários.
A visão de “‘por que o Twitter?’ tem que ser articulada claramente,” disse Dorsey, que tem 38 anos. “O que você deve esperar do Twitter? Ser tão fácil quanto olhar pra fora da janela e ver o que está acontecendo. Mostrar o que está acontecendo no mundo, direto das fontes.”
Em vez de se auto-congratular, Dorsey se recriminou em público.
Em vez de abraçar a mediocridade, subiu a barra com a qual mede seu próprio sucesso.
Com isso, demonstrou que é um empresário, e não um mero administrador de expectativas, e se revelou uma liderança que não cabe em 140 caracteres.
Tá aí um exemplo que deveria ser retuitado.
***
PS: Quem são os Jack Dorseys brasileiros?