A DogHero – uma startup que conecta pessoas dispostas a tomar conta de cachorros com quem precisa de alguém com quem deixá-los – acaba de levantar R$ 27 milhões com a Rover.com, a líder nos Estados Unidos nos serviços conhecidos como ‘pet-sitting’.
O fundo mexicano IGNIA Partners, que já era investidor da companhia, acompanhou a rodada. O investimento Série B é o maior recebido pela empresa, que, desde sua fundação em 2014, já tinha levantado R$ 18 milhões com a Kaszek Ventures, a Monashees e o Global Founders Capital, dos irmãos Samwer, fundadores da Rocket.
Com os novos recursos, a DogHero quer deixar de ser apenas o Airbnb dos peludos para se tornar também uma espécie de Uber e acelerar sua entrada no segmento de passeadores dos cãezinhos. (Que fique claro: a voltinha do DogHero é a pé.)
Para além de uma nova fonte de receitas, o serviço – que foi lançado no começo de 2018 e funciona apenas em São Paulo, Rio e Curitiba – tem uma recorrência muito maior do que a de hospedagem dos cãezinhos e tende a gerar mais retenção do usuário na plataforma.
“Normalmente, um cliente típico viaja três, quatro vezes por ano, enquanto os passeios acontecem com mais frequência,” Fernando Gadotti, um dos fundadores, disse ao Brazil Journal. Os clientes mais ativos chegam a fazer até 40 pedidos de passeios ao ano.
A ideia é estender o serviço a mais 10 cidades ainda este ano: Brasília, Belo Horizonte, Cidade do México e Buenos Aires estão na lista.
Se tudo der certo, nos próximos dois anos o serviço de passeios – hoje ainda pouco relevante – poderá representar de 25% a 30% da receita. A DogHero não abre o faturamento, mas afirma que dobrou de tamanho no ano passado e quer repetir o desempenho em 2019.
Gadotti fundou a DogHero em sociedade com Eduardo Baer, que faz parte do grupo de fundadores do iFood e foi seu colega de MBA em Stanford. Hoje, o DogHero é o maior serviço do tipo na América Latina e já tem 800 mil cachorros cadastrados em sua base, além de uma comunidade de 17 mil anfitriões em 750 cidades do Brasil, Argentina e México, além de mil passeadores.
Funciona assim: os ‘anfitriões’ se cadastram na plataforma e disponibilizam suas casas para acolher os pets. Quem vai viajar ou precisa de alguém para ficar de olho nos bichinhos entra no app e escolhe onde hospedá-lo. A diária custa entre R$ 30 e R$ 200 (com um valor médio entre R$ 40 e R$ 50), e a DogHero fica com 25% do valor.
Na vertical de passeios, o usuário pode escolher dois tipos de produto: o passeio avulso ou um pacote semanal ou mensal. Cada meia hora sai por R$ 25 e uma hora sai por R$ 35 – quanto maior o pacote maior o desconto. Nesse caso, a taxa da DogHero fica entre 20% e 25%. (Como o serviço ainda é novo, a empresa abre mão de parte da taxa para atrair mais clientes).
O desafio é construir confiança. A DogHero analisa o perfil de cada anfitrião para ver se ele está preparada para receber o cachorro (a taxa de aprovação é de apenas 20%). Os passeadores passam ainda por orientações especialmente voltadas para o comportamento em situações-limite – como um cachorro bravo ou que escapa da coleira.
A aderência no entanto, é boa: 98% dos usuários recomendariam o serviço para amigos e familiares. “No geral, se cadastra para esse serviço quem ama cachorro”, diz Gadotti.
A Rover.com, que está entrando como investidora, é quase um unicórnio. Em sua última rodada, um aporte de US$ 125 milhões liderado pela T. Rowe Price em maio do passado, foi avaliada em US$ 970 milhões. Em outubro, comprou a DogBuddy, desembarcando na Europa.
Agora, com o novo investimento, a Rover marca a entrada no país com o segundo maior número de cachorros domesticados do mundo. O Brasil tem 52 milhões de pets, atrás apenas dos Estados Unidos, que tem 70 milhões. Em toda América Latina, população canina chega a 100 milhões. (Curiosidade: a Argentina tem a maior penetração de bichinhos por lar. De todo o mundo!)
Estima-se que o mercado pet fature cerca de R$ 20 bilhões no Brasil, dos quais 23% são gastos com ‘pet care’ – ou seja, serviços como vacina, consulta veterinária, banho e tosa. Mas Gadotti acredita que, na realidade, o valor é bem maior.
“Esse número não considera serviços que não existiam, ou só existiam na informalidade, como hospedagem e passeios”, diz. “É a mesma coisa que tentar traçar o mercado endereçável do Uber considerando apenas quem já usava táxi”.
O investimento na DogHero vem menos de um mês depois de a Tarpon anunciar sua entrada na Petlove, um ecommerce de produtos para animais de estimação, que também tem a Monashees e a Kaszek como acionistas.
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