A Cogna — antiga Kroton — contratou um sindicato de bancos para liderar o IPO da VASTA, seu negócio de sistemas de ensino e serviços para escolas de educação básica, três fontes com conhecimento do assunto disseram ao Brazil Journal.
A ideia é fazer um IPO nos Estados Unidos no primeiro trimestre no próximo ano, provavelmente em fevereiro, apropriando-se dos múltiplos suculentos que o mercado paga por empresas com modelos de assinatura e receitas recorrentes.
A Goldman Sachs é a líder do sindicato, que conta ainda com Morgan Stanley, Bank of America Merrill Lynch e Itaú BBA. Pelo menos mais um banco ainda deve participar da oferta.
A VASTA oferece serviços para escolas privadas que incluem sistemas de ensino, treinamento para professores e conteúdos complementares como línguas, STEM (acrônimo em inglês para ‘ciência, tecnologia, engenharia e matemática’) e sócio-emocional.
A companhia — um negócio asset light e escalável — fará um EBITDA de R$ 300 milhões este ano e pelo menos R$ 340 milhões em 2020.
As conversas sobre valuation ainda são muito preliminares, mas a Cogna quer que a VASTA negocie a um prêmio sobre a Arco Educação, que negocia a 24-25 vezes EBITDA, o que daria à empresa um valuation hipotético mínimo de cerca de R$ 8 bilhões.
Hoje, a Cogna inteira vale R$ 17 bi na B3.
O principal indicador de receita da VASTA é o chamado ‘annual contract value’ (ACV) — a soma dos contratos assinados pela empresa. Na semana passada, a Cogna anunciou ao mercado que o ACV esperado para 2020 ficará 20% acima do nível deste ano.
A maior parte da oferta será secundária, o que deve permitir à Cogna reduzir a alavancagem que veio com a compra da Somos Educação, além de ganhar com a reprecificação de um ativo que julga não estar sendo bem avaliado pelo mercado na estrutura atual.
Ao fim do terceiro trimestre, a dívida líquida da Cogna era de R$ 7,3 bilhões, o que dá uma alavancagem de 2,8 vezes EBITDA.
Mas ainda que a desalavancagem imediata seja parte da história, o CEO Rodrigo Galindo quer criar munição para mais aquisições em todas as linhas de negócio da Cogna, disse uma fonte familiarizada com os planos da empresa.
A VASTA é comandada pelo ex-CEO da Somos, Mario Ghio, e concentra sistemas de ensino como Anglo, Pitágoras e pH.
Na reestruturação organizacional que culminou com a mudança do nome da holding de Kroton para Cogna, as escolas foram separadas do negócio de sistemas de ensino e ficaram na Saber, divisão que passou a ser comandada por Paulo Cerino, que veio da rede Marista.
Com o IPO da VASTA, a Cogna está buscando o mesmo caminho seguido pela Arco, dona dos sistemas SAS e Positivo e que já vale cerca de US$ 2,35 bilhões na Nasdaq. Desde o IPO, em setembro de 2018, as ações da Arco já se valorizaram 140%.