Essa aqui não teve graça nenhuma.
O Cirque du Soleil entrou hoje com um pedido de recuperação judicial no Canadá — mais uma vítima da pandemia que paralisou cinemas, fechou teatros e desceu a lona do maior espetáculo do mundo.
A empresa deve pelo menos US$ 900 milhões a diversos credores.
Três meses atrás, o Cirque du Soleil já havia fechado todos os seus 44 espetáculos e demitido 95% de sua força de trabalho, incluindo os mais de 1,3 mil funcionários que trabalham na Strip de Las Vegas, onde ficam os principais hotéis e cassinos e de onde o Cirque tira boa parte de sua receita.
O plano de reestruturação — que ainda precisa ser aprovado pela Justiça canadense — inclui uma injeção de US$ 300 milhões dos atuais acionistas, um grupo formado pelo TPG Capital, a chinesa Fosun, e a Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ), o segundo maior fundo de pensão do Canadá.
Esse grupo havia comprado o controle do Cirque em 2015, quando o TPG ficou dono de 60% e a Fosun e CDPQ ficaram com participações minoritárias. O fundador do Cirque, Guy Laliberté, ficou com 10% à época, mas em seguida vendeu para a CDPQ.
Na verdade, foi o TPG que ajudou a quebrar o circo. Quando fez a operação de compra, o TPG enfiou US$ 1,2 bilhão em dívidas na empresa, uma cambalhota conhecida como ‘leveraged buyout’.
Agora, a nova injeção de capital dará fôlego para manter a operação funcionando enquanto os acrobatas, palhaços e dançarinos não podem voltar aos palcos.
[Para os leigos em recuperação judicial: o pedido de RJ não é o fim do circo. É uma tentativa de reestruturar o negócio e deixar o Cirque du Soleil pronto para a reabertura.]
A oferta de reestruturação liderada pelo TPG é um “stalking horse” — uma oferta inicial, no jargão de M&A. Agora, outros compradores potenciais podem cobrir a oferta. Segundo o Las Vegas Review-Journal, já há seis consórcios interessados na marca: um deles liderado por Guy Laliberté — que de palhaço não tem nada — e outro pelo conglomerado canadense de comunicações Quebecor.