Hoje pela manhã, com o mercado já aberto, o perfil oficial da Via Varejo no Twitter disparou três mensagens dando números de performance.
Uma delas dizia que a venda online de câmeras e games havia crescido 2.500% em maio e junho, frente ao mesmo período do ano passado; outra, que a venda de televisores havia aumentado 1.900% no período; e uma terceira apontava uma escalada de 1.500% nas vendas online de equipamentos de som.
Minutos depois, os tweets foram apagados.
Coincidência ou não, hoje foi dia de vencimento de opções na B3, levando muitos investidores a questionar se o vazamento tinha a ver com manipulação de mercado.
No final da tarde, a CVM disse que abriu uma investigação sobre o caso, argumentando que “as divulgações em mídias sociais estão sujeitas às mesmas regras previstas nas normas que tratam da divulgação de informações.”
A Via Varejo ainda não se manifestou oficialmente, mas uma fonte da companhia disse ao Brazil Journal que os números divulgados são “reais”, e chamou a publicação do tweet de “um erro operacional.”
A fonte disse que os dados contidos nos tweets já haviam sido publicados anteriormente, mas não deixou claro por que a empresa se viu compelida a apagá-los.
A ação aumentou sua alta depois que a informação sobre os tweets apagados circulou, e o papel fechou o dia em alta de 7,4%.
O incidente vem num momento em que a Via Varejo se tornou um dos papéis mais líquidos da Bolsa, com participação pesada de pessoas físicas, torcida intensa de gestores no Twitter e o sonho de se tornar “a próxima Magalu.”
É possível que tudo não passe de um erro honesto, mas, como a companhia tem feito uma comunicação agressiva sobre sua performance e resultados, muita gente no mercado não está disposta a dar o benefício da dúvida.
Antes do follow-on do mês passado, o CEO Roberto Fulcherberguer deu diversas entrevistas — inclusive ao Brazil Journal — antecipando dados sobre uma recuperação rápida nas vendas para níveis pré-pandemia. Analistas e investidores dizem que aquela comunicação excessivamente assertiva ajudou a ação a se recuperar rapidamente.
Segundo o Valor, a CVM já abriu outros dois processos este ano para investigar informações divulgadas pela Via Varejo que tiveram efeito no preço da ação, e feitos fora dos meios oficiais de comunicação ao mercado.