A Vasta, a subsidiária da Cogna Educação que oferece serviços para escolas num modelo de negócios de receita recorrente, acaba de precificar seu IPO acima da faixa indicativa, levantando US$ 406 milhões a um valuation post-money de US$ 1,6 bilhão (ou R$ 8,2 bilhões num câmbio de R$ 5,15).
A Vasta vendeu 21,4 milhões de ações a US$ 19 numa oferta 100% primária, avaliando a companhia em 22 vezes EBITDA para 2021. A faixa indicativa ia de US$ 15,5 a US$ 17,5.
A oferta recebeu 280 ordens e teve uma demanda de 15x o book, segundo pessoas envolvidas na transação. O hot issue não foi colocado, o que pode ajudar o papel a negociar bem na estreia.
O papel começa a negociar na Nasdaq amanhã com o ticker VSTA.
O sucesso do IPO é uma vitória do CEO Rodrigo Galindo em desalavancar a Cogna, que enfrenta matrículas e receitas declinantes no Brasil com economia fraca e agora sem o Fies. Metade dos recursos levantados pela Vasta vão pagar dívidas da empresa com sua controladora.
Em fevereiro, Galindo já havia levantado R$ 2,6 bilhões num follow-on a R$ 11 por ação, o que reduziu a alavancagem da Cogna de 3 vezes EBITDA para menos de 2 vezes. (Investidores de equity usam métricas mais conservadoras.)
A Vasta é a aposta da Cogna para monetizar seu relacionamento com as escolas, um mercado potencial de R$ 25 bilhões em serviços tais como sistemas de ensino, treinamento para professores, conteúdos complementares, serviços digitais e ecommerce.
A companhia tem sua origem na aquisição da SOMOS Educação, que a Cogna comprou da Tarpon em abril de 2018 por R$ 4,6 bilhões. Galindo trocou o time, injetou recursos e fez um turnaround da companhia. Mais tarde, fez um carveout da Cogna unindo a Somos aos sistemas de ensino da companhia, num formato que seguramente obteria um múltiplo mais alto no mercado.
A oferta saiu a um desconto em relação a seu peer mais próximo, a Arco, o que era previsível dado o desconto comumente aplicado a IPOs. Ainda assim, a Vasta conseguiu um prêmio de quase 50% em relação ao múltiplo EV/EBITDA obtido pela Arco em seu IPO em setembro de 2018.
No primeiro semestre, a Vasta deve fechar com uma receita de cerca de R$ 500 milhões, EBITDA de R$ 100 mi e um prejuízo entre R$ 24 milhões e R$ 34 mi, segundo o prospecto.
Depois da oferta, a Cogna continua com 75,1% do capital da Vasta. A Cogna controla a Vasta com ações classe B, que tem 10x o poder de voto das ações Classe A, que foram vendidas na oferta.
Os coordenadores foram Goldman Sachs, Bank of America, Morgan Stanley e Itaú BBA.