A Dr. Martens — a fabricante dos coturnos mais famosos do mundo — levantou US$ 1,8 bilhão num IPO em Londres, precificando no topo da faixa de preço indicativa.
A ação disparou mais de 20% hoje, o primeiro dia de negociação.
O IPO avaliou a marca em £ 3,7 bilhões — 10 vezes mais do que a Permira Holdings pagou pela empresa em 2014, quando comprou o negócio da família Giggs. A Permira ainda tem 43% depois do IPO.
O BlackRock ancorou a oferta com um cheque de £ 250 milhões.
Fundada em 1946 das ruínas do pós-guerra alemão, a Dr. Martens começou como uma fabricante de calçados populares, vendendo seus coturnos por duas libras cada, principalmente para operários.
Pouco a pouco, o calçado — chamado pelos fãs de ‘Doc Martens’ ou simplesmente ‘Doc’ e vendido hoje por uma fortuna — começou a virar um símbolo da contracultura e do movimento punk europeu. (Pete Townshend, o guitarrista do The Who, usava os coturnos frequentemente em seus shows).
O nome da marca vem do fundador da empresa, o alemão Klaus Martens, que se juntou ao engenheiro mecânico Herbert Funk para produzir calçados usando suprimentos militares em desuso.
A marca já teve algumas pedras no sapato.
Em 2003, ela quase faliu e precisou migrar a produção para a China, em busca de custos mais baixos e sua própria sobrevivência.
“A Dr. Martens tem uma base de consumidores fiéis, altas margens e um potencial muito grande de crescimento, com expansão de suas lojas e entrada em mercados como a China e a América do Norte,” um gestor que participou da oferta disse à Bloomberg.
A fidelidade dos clientes foi colocada à prova na pandemia — e passou com louvor.
Mesmo com o mundo em ‘standby’, a Dr. Martens viu suas vendas crescerem 18% nos seis meses terminados em setembro, com um aumento de 20% no lucro bruto. (Cerca de 20% das vendas da marca vieram do ecommerce, frente 7% em 2015).
Os coordenadores da oferta foram Goldman Sachs, Morgan Stanley, Barclays, Bank of America, HSBC e Royal Bank of Canada. O assessor financeiro foi a Lazard & Co.