O Carrefour Brasil está comprando o Grupo BIG — a antiga operação do Walmart no País — por R$ 7,5 bilhões, uma consolidação que une o No. 1 e o No. 3 do varejo alimentar e cria uma companhia de R$ 100 bilhões de faturamento.
Na transação, que tira o BIG da fila do IPO, o Carrefour vai pagar 70% em dinheiro e 30% em ações.
O Grupo BIG — que fatura R$ 25 bilhões por ano com 387 lojas em 19 estados — é uma coleção das bandeiras que o Walmart havia comprado no Brasil: Bompreço, Paes Mendonça, Sonae, Big, Nacional, Maxxi Atacado e Mercadorama.
A transação marca uma saída rápida para a Advent, que comprou 80% da operação do Walmart no Brasil em junho de 2018 e, além de receber caixa, agora ficará com 4% do Carrefour Brasil. O Walmart, que ainda mantinha 20% do negócio, sairá nos mesmos termos da Advent.
Nos últimos dois anos e meio, o BIG passou por um turnaround acelerado sob o comando do CEO Luiz Fazzio: vendeu ativos imobiliários, reformou lojas, pivotou a estratégia de promoções do ‘Everyday Low Price’ (o DNA do Walmart) para o ‘High/Low’ mais alinhado com a cultura brasileira, e focou o crescimento da empresa nas bandeiras de atacarejo — o Maxxi e o Sam’s Club.
O Sam’s Club — um atacarejo para a Classe A que não compete frontalmente com Atacadão e Assaí — tem cerca de 2 milhões de membros pagantes.
A complementaridade geográfica das duas companhias deve minimizar o risco concorrencial. Enquanto o Carrefour é mais forte no Sudeste, o BIG é particularmente forte no Sul e no Nordeste.
O Carrefour disse que só o ativo imobiliário do BIG vale cerca de R$7 bilhões, segundo uma análise independente.
O CEO Noël Prioux planeja converter a bandeira Maxxi em lojas do Atacadão, e parte das lojas BIG e BIG Bompreço para as bandeiras Atacadão ou Sam’s Club. (As demais lojas se tornarão hipermercados Carrefour.)
O Carrefour Brasil disse que as sinergias vão aumentar o EBITDA anual da companhia combinada em R$1,7 bilhão três anos após a conclusão da operação.
Além da otimização de custos e maior eficiência na cadeia de suprimentos, as principais sinergias virão do “alinhamento de margens para aumentar rapidamente a rentabilidade das lojas.” Segundo a companhia, esses ganhos virão com a conversão das lojas, dado que as bandeiras do Carrefour “possuem a melhor oferta comercial em seus respectivos segmentos.”
Outra sinergia importante: o Banco Carrefour poderá oferecer seus cartões de crédito, carteira digital e outros produtos nas lojas que estão sendo compradas, e o ecommerce do Carrefour Brasil será será estendido à base de clientes do BIG. (Uma das primeiras medidas da Advent havia sido fechar o ecommerce do Walmart, que dava prejuízo.)
Goldman Sachs assessorou o Carrefour, que teve aconselhamento jurídico do Machado Meyer e do BMA Advogados na parte concorrencial.
Credit Suisse assessorou o BIG, que trabalhou com o Mattos Filho.