A Viveo — que fabrica e distribui produtos de saúde para hospitais, clínicas e laboratórios — acaba de comprar a Pro Infusion, fortalecendo sua recém-criada vertical de manipuladoras e reforçando sua tese de agregar serviços para seus clientes.
A Viveo está pagando R$ 256 milhões pela empresa — a maior do setor no Brasil — com sete laboratórios de manipulação em cidades como São Paulo, Valinhos e Curitiba.
A aquisição vem duas semanas depois da Viveo comprar outras duas empresas desse segmento — a FAMAP e Life — por outros R$ 280 milhões.
As três empresas juntas devem adicionar R$ 90 milhões de EBITDA aos cerca de R$ 650 milhões que a empresa faz hoje (anualizando o resultado do primeiro tri).
Basicamente, manipuladoras são laboratórios que compram os medicamentos ou substâncias usadas em quimioterapia e dietas parenterais (o famoso “tomar soro na veia”) e produzem a mistura final de acordo com a receita médica.
Dentro dos hospitais, este processo é feito manualmente, o que torna o processo mais suscetível a erros. As manipuladoras fazem isso dentro de seus laboratórios e automatizam o processo com máquinas.Esses laboratórios precisam ficar muito próximos aos hospitais porque os produtos têm um shelf life extremamente curto (de 24 a 72 horas, na maioria dos casos).
A produção das receitas via manipuladoras “gera um controle mais efetivo e automatizado, menor desperdício e maior eficiência,” o CEO da Viveo, Leonardo Byrro, disse ao Brazil Journal. “Além disso, isso libera tempo para os hospitais cuidarem de assuntos mais core para a operação.”
Apesar dos benefícios, as manipuladoras ainda são uma parcela pequena do mercado. A Viveo estima que o mercado de manipulação movimente R$ 10 bilhões por ano (com a compra dos medicamentos mais o serviço), mas 80% disso ainda está dentro dos hospitais.
A principal sinergia com a Viveo está na compra dos medicamentos. Como a Viveo já tem relacionamento com as farmacêuticas e compra outros produtos em volume, ela poderá fazer negociações melhores para as manipuladoras.
A empresa também vê oportunidade de expandir organicamente as três manipuladoras para outras regiões do Brasil.
“Temos acesso a todos os principais hospitais do País, o que ajuda muito nessa expansão,” disse ele. “Para entrar em outras regiões as manipuladoras precisam abrir outros laboratórios, mas também fechar contratos com os hospitais.”
Hoje, as três empresas adquiridas já atendem clientes como a Notredame Intermédica (agora Hapvida), o Hospital São Camilo, Sul América e Porto Seguro.
A criação da vertical de manipuladoras faz parte de um esforço da Viveo de ampliar sua participação em serviços B2B, que hoje representam apenas 4% da receita e vêm basicamente da Health Log, que faz a gestão de estoque e armazenagem para hospitais.
O plano da Viveo é chegar a pelo menos 10% da receita vindo dessa frente.
“Os serviços criam uma conexão mais forte entre a gente e os clientes. Passamos a ser alguém que leva soluções para o hospital, e não só produtos, que é algo que muita gente já faz,” disse ele. “Além disso, serviços têm margem maior que produtos.”
A Pro Infusion era uma investida da Vinci Partners, que entrou em novembro de 2020 na empresa.