A ação da B3 está em queda de quase 6% hoje depois que o JP Morgan deu um downgrade no papel, movendo de ‘buy’ para ‘neutral’.
O JPM especulou que a renúncia de José Berenguer ao board da B3, há dois dias, poderia estar ligada à iminência da XP de lançar uma bolsa para competir com a B3.
Berenguer é o presidente do Banco XP e estava há oito anos no conselho da B3, onde vai ser substituído pelo CEO do Inter, João Vitor Menin.
“Dada a fatia de mercado dominante da XP (cerca de 20%) e nossa visão de que uma nova Bolsa seria mais viável com a participação dela, a saída da XP [do board da B3] em nossa visão, mesmo que não ligada a concorrência no curto prazo poderia facilitar uma empreitada do tipo, já que não haveria mais um conflito de interesses,” os analistas do JPM escreveram no relatório.
A especulação, no entanto, parece não ter fundamento. Fontes próximas à XP e à B3 dizem que não há planos de lançar uma bolsa concorrente, e que a saída de Berenguer tem a ver com outros projetos que a corretora começou a discutir — envolvendo criptomoedas — e que poderiam criar conflitos mais à frente. (A B3 também estuda o assunto.)
Curiosamente, não é de hoje que a ação da B3 está sofrendo. Apesar de outros nomes ligados ao ‘financial deepening’ estarem negociando nos highs históricos — como o BTG Pactual e o Banco Pan — o papel da B3 fez seu high recente em 5 de fevereiro, quando a ação saía a R$ 21,15. De lá para cá, o papel cai 21%.
A B3 sempre esteve exposta a boatos de nova concorrência e mudanças regulatórias.
A CVM concluiu no ano passado a fase de recebimento de manifestações de uma audiência pública para rever as instruções 461 e 505, que dispõem sobre vários aspectos da infraestrutura de mercado.
Nada ali, no entanto, parece apresentar um desafio estrutural para a B3. O próprio presidente da CVM, Marcelo Barbosa, tem dito em entrevistas que a autarquia não pretende criar “nem incentivos nem obstáculos” a eventuais concorrentes da B3.