A produtividade e a diversificação da agropecuária ampliaram o saldo da balança comercial brasileira.
Com a ajuda dessa ‘âncora’, o Brasil tem hoje uma capacidade de sustentar superávits bem mais expressivos do que na década passada.
A análise é de um relatório divulgado hoje pelo International Institute of Finance (IIF), a associação dos maiores bancos do mundo, com sede em Washington.
Para os economistas da instituição, o País dispõe hoje de condições estruturais para manter um superávit comercial da ordem de 2,2% do PIB ao ano, mais do que o dobro do valor estimado para os anos 2010 – uma média anual de 1% do PIB.
O principal fator para esse salto, segundo o instituto, foi uma “transformação impressionante do setor agrícola,” em razão dos ganhos constantes de produtividade nas últimas duas décadas.
Ao destrinchar os números, os analistas do IIF dizem que os principais motores das exportações agrícolas foram a soja e, mais recentemente, o milho. Mas a cesta de exportações brasileiras é mais diversificada do que a de outros países da América Latina.
Mesmo com as oscilações de preços nos mercados internacionais, o IIF estima que as transformações estruturais na agropecuária brasileira ajudarão a manter a balança comercial positiva ao redor de 3% do PIB no período entre 2023 e 2025. É um número bem superior à média anual de 1,2% do PIB registrada nos anos 2010.
“Questões financeiras, ambientais e de infraestrutura poderão limitar novos ganhos, mas o setor agrícola continuará sendo uma âncora para as contas externas,” afirmam Martín Castellano e María Paola Figueroa, responsáveis pelas pesquisas de América Latina.
Os economistas observam que a diversificação das exportações brasileiras, incluindo não apenas produtos in natura mas também mercadorias industrializadas, reduziu a exposição do País às flutuações nos preços de exportação.
“O Brasil é um exportador-chave de mais de 30 commodities,” dizem os economistas.
Soja, petróleo e minério de ferro respondem por mais de 40% do total das vendas externas. Mas as exportações incluem diversos outros produtos, como carnes, açúcar, milho, etanol, madeira, algodão e ouro.