Foi o que Luis Stuhlberger respondeu quando perguntado sobre onde vê oportunidades no Brasil agora, num painel durante a J. Safra Investment Conference, que terminou hoje.
O fundador da Verde vê uma eleição binária, em que os preços dos ativos vão reagir de forma bastante diferente dependendo do resultado, e disse que ainda é cedo para colocar o cenário eleitoral nos preços.
No exterior, Stuhlberger vê oportunidades em alternativas ao dólar, como euro, ouro e cripto.
Especulações sobre 2026 e debates sobre o futuro da economia americana também foram tema de outros painéis durante a conferência – além da permanente preocupação com a trajetória da dívida pública.
Os governadores Ronaldo Caiado e Eduardo Leite defenderam a pulverização de pré-candidatos à direita. “É uma questão de aumentar a sobrevivência na campanha contra o atual governo, que vai usar a máquina para se reeleger,” disse Caiado ao Brazil Journal.
Uma pesquisa divulgada hoje pela AtlasIntel mostrou que o Presidente Lula recuperou parte da popularidade enquanto o Governador Tarcísio de Freitas perdeu pontos ao apoiar a anistia.
Para Caiado, o presidencialismo está em xeque com o avanço do Congresso sobre o Orçamento – mas ele diz ser possível reverter este quadro com política e “autoridade moral”.
Juro x gastos
O ministro Fernando Haddad abriu o evento ontem e disse acreditar que o ciclo de corte de juros “vai começar em algum momento nos próximos meses”.
A dúvida do mercado é se uma eventual queda se sustenta.
Com a ajuda do câmbio, a inflação caiu mais que o esperado. Mas o aumento dos juros ainda não teve impacto sobre a renda nem sobre o mercado de trabalho no Brasil, diferentemente do que vem acontecendo no exterior, Carlos Woelz, sócio da Kapitalo, disse ao Brazil Journal.
Além disso, a dúvida sobre a situação fiscal mantém elevados os juros de longo prazo.
“Não vejo ninguém no mercado projetando a estabilidade da dívida pública nos próximos anos,” disse Daniel Weeks, o economista-chefe da Safra Asset.
Haddad falou sobre a necessidade de “recompor a base fiscal” da União. Segundo ele, a arrecadação líquida da União está em 17% do PIB – abaixo do “patamar histórico” de cerca de 19% do PIB.
Isso aconteceu basicamente porque aumentaram as transferências para estados e municípios.
“Sabemos que, quando se fala em recomposição de receitas, isso vira gasto obrigatório no futuro,” disse o economista Marcos Lisboa, que participou hoje de um painel com Marcos Mendes e Joaquim Levy. Foi o que aconteceu, segundo ele, com os estados e municípios que receberam esses recursos extras e usaram boa parte deles para elevar salários e aposentadorias.
Lisboa lembrou que o volume de gastos obrigatórios impede o ajuste fiscal. “Não é possível cortar despesas no Brasil. No máximo, podemos reduzir a taxa de crescimento.”
PIB potencial
O PIB potencial do País aumentou nos últimos anos apoiado no agronegócio e na exploração de petróleo, segundo Eduardo Yuki, o economista-chefe do Banco Safra.
Esses dois setores responderam por 0,9 ponto percentual do crescimento do PIB nos últimos quatro trimestres, o equivalente a 40% da expansão da economia nesse período.
Carnes e tarifaço
Wesley Batista, o acionista e conselheiro da JBS e J&F, acredita que os Estados Unidos ainda podem rever a aplicação de tarifas mais altas para a importação de carnes.
“Os americanos são pragmáticos. Se o impacto for prejudicial para os consumidores, eles devem revisitar a taxação para alguns produtos,” disse Wesley. (A entrevista completa está aqui).
Segurança pública
Para Pedro Jereissati, presidente do conselho de administração do Iguatemi, a prioridade do governo – deste e do próximo – deveria ser combater o crime organizado e melhorar a segurança pública de forma estruturada.
“Este é o tema central na maioria dos fóruns de que participo.”