A Vale levantou US$ 750 milhões hoje com a emissão de um bond híbrido, que mescla características de dívida e equity, a um yield de 6,12%. 

A captação, com vencimento em 30 anos, vai ser usada para substituir uma outra dívida que a companhia pré-pagou nas últimas semanas: US$ 700 milhões em debêntures participativas que haviam sido emitidas na época da privatização e que pagavam com base na produção e vendas da companhia. (Essas debêntures somam US$ 3 bi e a companhia pré-pagou 25% dela). 

Marcelo Bacci ok

A opção pelo título híbrido é parte da estratégia do CFO Marcelo Bacci de não alterar a alavancagem da Vale, que está em cerca de 1,1x EBITDA, considerando a dívida líquida expandida (que inclui os pagamentos relativos a Brumadinho e Mariana).

Da forma como o bond foi estruturado, as agências de rating consideram apenas metade dele como dívida, entrando na conta da alavancagem, enquanto a outra metade é considerada equity.

Para viabilizar isso, o bond tem características específicas: é subordinado, tem um vencimento longo, alguns ‘step ups’ de cupom ao longo do caminho, e permite o diferimento do cupom caso o emissor julgue necessário, sem que isso gere um cross-default

Dado o risco maior, a taxa deste tipo de bond normalmente sai com prêmio em relação a um senior bond. Nas emissões de bonds híbridos deste ano, o prêmio ficou em média em 149 basis points, uma fonte envolvida na emissão da Vale disse ao Brazil Journal.

No caso da Vale, o prêmio foi abaixo dessa média de mercado, ficando em 137 bps, com o senior bond da Vale negociando a um yield de 4,75% (comparado aos 6,12% do bond híbrido de hoje). 

A demanda pelos papéis chegou a 3,8x a oferta no initial price talk de 6,5% (ou US$ 3 bilhões), caindo para 3,5x no preço em que a emissão saiu. 

A demanda veio de fundos de crédito americanos, mas também teve a participação de diversas seguradoras e fundos de pensão, que têm um apetite maior por esse tipo de título. 

Os coordenadores da oferta foram Citi, Bank of America, HSBC e JP Morgan.