Os maiores acionistas da Light chegaram a um consenso para propor um novo conselho de administração – uma demonstração de unidade num momento em que a empresa negocia seu plano de recuperação judicial com alguns credores de sua dívida de R$ 11 bilhões.
A chapa comunicada agora à noite à companhia foi desenhada a oito mãos.
A costura foi liderada por Nelson Tanure, que em apenas dois meses montou uma posição de 21% da companhia. Os outros grandes acionistas da Light são Ronaldo Cezar Coelho, com 20% do capital, Carlos Alberto Sicupira, com 10%, e um núcleo formado pela gestora carioca Tempo Capital e o investidor Vitor Adler, que juntos detêm outros 10% da empresa.
O próximo chairman da Light deve ser o ex-senador e ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, conhecido por seu trânsito em Brasília e historicamente ligado a Tanure.
Tanure também indicou Wendell Oliveira, o ex-CEO da Copel Telecom, comprada por Tanure na privatização em 2020 e rebatizada de Ligga; e Pedro Borba, um executivo que trabalhou em diversas empresas do empresário Eike Batista e nos últimos anos se tornou o braço direito de Tanure.
Finalmente, o próprio Tanure terá um assento do conselho – uma medida do envolvimento do empresário na tentativa de turnaround da empresa.
Nos 60 dias desde que a WNT – uma gestora ligada a Tanure – começou a montar sua posição, a ação foi de R$ 2 para R$ 8.
A Light fechou o dia valendo R$ 2,97 bilhões.
A nova chapa expande o conselho de sete para nove membros, enquanto mantém cinco do conselho atual.
Destes, quatro foram indicados pelo fundo Samambaia e pela LTS, respectivamente os veículos de investimento de Ronaldo e Beto Sicupira: Firmino Sampaio, Abel Rochinha, Helio Paulo Ferraz e Yuiti Lopes. O quinto que permanece é o advogado Rafael Manhães Martins, que historicamente trabalha para a Tempo Capital.
Como parte das mudanças, estão deixando o conselho Thiago Osório, um ex-banker do Rothschild, e Ricardo Reisen de Pinho, um conselheiro independente com passagem por diversos boards. Ambos haviam sido eleitos em abril.
Uma AGE a ser convocada até o final de julho vai destituir o conselho atual e eleger o novo.
A Light tem uma dívida de R$ 11 bilhões junto a bondholders, bancos e debenturistas. Além desta negociação, a companhia precisa convencer a Aneel a fazer uma renovação antecipada de sua concessão, que termina em junho de 2026.