Criando uma espécie de long & short para a queda da Selic, o JP Morgan elevou sua recomendação para a XP de ‘neutro’ para ‘compra’ ao mesmo tempo em que rebaixou a B3 para ‘neutro’.
A ação da XP sobe mais de 5% no início da tarde; a B3 cai 1%.
O analista Yuri Fernandes disse que apesar das duas empresas se beneficiarem da queda dos juros, a receita da XP tem mais alavancagem para capturar a retomada do mercado.
Para ele, o take rate da XP vai se beneficiar da mudança do mix de ativos dos investidores — que com a queda dos juros tendem a investir mais em ações e produtos alternativos e menos em renda fixa.
Para se ter uma ideia, o take rate nas operações com ações é duas a três vezes maior que o da renda fixa.
O JP Morgan também disse que vê uma maior demanda por cortes de preços na B3 e que a Bolsa tem um risco regulatório maior, já que está mais exposta aos juros sobre capital próprio (JCP) — que podem ser extintos no âmbito da reforma tributária.
Na B3, o juro sobre capital próprio — que reduz o valor tributável do resultado — responde por cerca de 10% do bottom line; na XP, por praticamente zero.
Yuri também notou que a B3 negocia hoje com um prêmio de múltiplo de 20% em relação à XP — que sobe para 30% se o JCP acabar. Nas contas do JP, a XP negocia a 12,5x seu lucro estimado para o ano que vem, e a B3, a 15x (ou 16x, ex-JCP).
Esse prêmio da B3 é muito superior à média histórica: nos últimos anos, a empresa negociou a um prêmio médio de 5% sobre a XP.
“É verdade que os níveis de ROE da B3 são historicamente maiores, e mesmo considerando uma distribuição de capital maior da XP vemos a B3 com um dividend yield maior. Mas achamos que o ROE da XP vai ganhar momentum daqui para frente,” escreveu o analista.
“Vemos o ROE da XP, excluindo o excesso de capital, próximo de 30%, e a companhia parece comprometida a retornar o excesso de capital aos acionistas por meio de dividendos ou recompras.”
Apesar do upgrade em XP, o JP Morgan disse que ainda vê um cenário de curto prazo desafiador, dado que os ventos a favor da queda da Selic ainda não se materializaram.
O banco notou que a XP terá uma base de comparação forte no quarto trimestre, por conta da boa atividade de DCM no mesmo tri do ano passado. Nas estimativas do banco, isso deve levar a uma queda de 3% no lucro da XP no quarto tri, na comparação sequencial. “Mas esperamos uma aceleração dos lucros em 2024, com um crescimento de 27% ano contra ano.”
Yuri disse ainda ter tido uma impressão positiva de sua recente reunião com o senior management da B3, que se disse focado em manter os custos sob controle. “No entanto, no lado das receitas vimos o volume diário de outubro de R$ 23 bilhões ainda fraco e alguma recuperação em novembro.”