O mundo na era da inteligência artificial, e o Brasil vendendo pedra. Pros chineses.

A Huaxin Cement — uma companhia chinesa que vale US$ 2,3 bilhões na Bolsa de Xangai — fechou a compra da Embu, uma das maiores pedreiras do Brasil, com capacidade produtiva de 8,8 milhões de toneladas de agregados por ano.

A transação saiu a US$ 186 milhões, o equivalente a pouco mais de R$ 1 bilhão no câmbio Lula. 

A Embu é dona de quatro pedreiras na região metropolitana de São Paulo que produzem pedra britada e areia, usadas essencialmente na construção civil. No ano passado, produziu 6,3 milhões de toneladas e teve um lucro líquido de cerca de R$ 20 milhões. 

A maior das quatro pedreiras é a de Itapeti, em Mogi das Cruzes, seguida pela de Embu, em Cotia, e a de Juruaçu, em Perus. Há ainda uma operação em Viracopos, em Itupeva.

A Embu foi fundada por um ex-executivo da Camargo Corrêa que começou a comprar terras na região do Embu nos anos 60, abrindo a primeira pedreira em 1964. 

Na época, uma outra família se tornou sócia da empresa, ficando com 40% do negócio. Essas duas famílias continuaram como os únicos acionistas da Embu e estão vendendo 100% de suas ações na transação de hoje. 

A venda foi feita num processo competitivo, com a Embu contratando o Itaú BBA como assessor. Além da Huaxin, houve outros interessados, segundo uma fonte envolvida na transação. 

A aquisição marca a entrada da Huaxin no Brasil, um mercado que ela descreveu num comunicado como “rico em recursos naturais, com uma população de 213 milhões de habitantes, um ambiente amigável para investimentos estrangeiros diretos e que tem um potencial significativo para desenvolvimento econômico.”

A companhia disse ainda que “o Brasil é o primeiro país da América Latina que estabeleceu uma parceria ampla e estratégica com a China.”

No Brasil, a Huaxin chegou a olhar as operações da InterCement, mas acabou desistindo da transação. No ano passado, ela comprou as operações do grupo na África do Sul e em Moçambique. 

A Huaxin disse que a aquisição da Embu é um passo importante em sua estratégia de diversificação geográfica, e que deve servir como um contrapeso para a queda de demanda em seu mercado doméstico.

“Ela representa uma expansão adicional da companhia nos mercados emergentes e é um milestone especial para desenvolver o mercado de material de construção na América Latina, já que é a primeira entrada da companhia — e de qualquer grande cimenteira chinesa — no mercado brasileiro.”