A OpenAI trouxe a público trocas de emails em que Elon Musk, quando era então um dos principais financiadores da startup, concordou que a empresa nascida como non-profit deveria passar a ser for-profit e assim ter mais chances de competir na corrida pelo desenvolvimento dos modelos de inteligência artificial.

Musk também concordou que a startup não deveria compartilhar abertamente os seus algoritmos.

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As mensagens mostram um Musk em contradição com aquele que abriu um processo, na semana passada, contra a OpenAI e seus fundadores.

Em sua ação na Justiça, Musk alega que a startup teria se afastado de sua missão original de não ser uma empresa que buscasse o lucro e procurasse desenvolver a inteligência artificial em benefício geral do público.

São alvos do processo, além da OpenAI, o seu CEO, Sam Altman, e seu presidente, Greg Brockman.

Em sua primeira manifestação oficial desde a ação aberta por Musk na semana passada, os fundadores da OpenAI dizem que, no final de 2017, “nós e Elon decidimos que o próximo passo seria criar uma entidade for-profit” e que “Elon queria uma participação majoritária, controle inicial do conselho, e ser o CEO.”

No meio das discussões, diz o texto publicado no site da OpenAI, Musk teria parado de bancar a empresa. Para pagar as contas, a startup, que hoje vale mais de US$ 80 bi, contou com o apoio financeiro de Reid Hoffman – o fundador do LinkedIn.

Em uma mensagem de 2018, Musk afirma que pivotar “para pro-profit poderia criar um fluxo de renda mais sustentável.”

Em dos emails divulgados, Musk afirmou que a OpenAI poderia ser uma “vaca leiteira da Tesla” e que a “Tesla seria o único caminho para manter acesa a vela contra o Google.”

“Ainda assim, a probabilidade de ser um contrapeso ao Google é pequena,” disse Musk. “Mas não é zero.”

Em fevereiro de 2018, quando deixou a OpenAI, Musk enviou uma mensagem dizendo que a “OpenAI ser relevante em relação a DeepMind/Google sem uma mudança dramática em execução e recursos é 0%. Não 1%.”

“São necessários bilhões por ano imediatamente ou esqueçam,” afirmou.

Em diversas mensagens, Musk demonstra a preocupação em desafiar a então liderança do Google – mas sempre se mostrou cético com relação a isso. 

Para Musk, a startup deveria se “acoplar” a uma empresa maior – e ela via sua Tesla, óbvio, como melhor opção. Outras possíveis “suspeitas” como Apple e Amazon teriam, em sua visão, “DNA incompatível.” 

Antes disso, em 2016, Ilya Sutskever, cientista-chefe e co-fundador da OpenAI, disse que faria sentido para a empresa ser “menos aberta” conforme o modelo fosse sendo desenvolvido e que “IA aberta” significa que “todo mundo deveria se beneficiar dos frutos da IA depois de ela ser construída, e é totalmente OK não compartilhar a ciência.”

A resposta de Musk foi: “Yup.”

No texto publicado agora em resposta a Musk, a direção da OpenAI afirma que desenvolver a inteligência artificial geral – IAG, os modelos de IA que chegam a superar os humanos em atividades cognitivas complexas – exige mais recursos do que o estimado inicialmente.

Mas a startup afirma que sua missão continua sendo “assegurar que a IAG beneficie toda a humanidade, o que significa construir uma IAG que seja ao mesmo tempo segura e benéfica, ajudando a criar benefícios amplamente distribuídos.”

Enquanto funcionou como entidade exclusivamente non-profit, a startup recebeu menos de US$ 45 milhões de Musk e mais US$ 90 milhões de outros apoiadores. Era um nível de capital insuficiente para as suas ambições.

Depois de abrir o seu braço for-profit em 2019, a OpenAI LP, ela atraiu os “bilhões” que Musk julgava serem necessários. Apenas a Microsoft colocou nela US$ 13 bilhões e hoje é dona de 49% do capital.

Depois da divulgação da troca de emails, Musk respondeu – pelo X, onde mais – com novos memes e provocações: “Mudem o nome para ClosedAI e eu retiro a ação legal.”

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