A Zamp anunciou hoje cortes de pessoal para reduzir sua estrutura administrativa — demitindo 100 pessoas ao longo do dia e congelando 50 vagas.
As demissões são equivalentes a 15% da equipe corporativa e a 0,7% de todo o headcount da empresa.
Agora à tarde, o CEO Ariel Grunkraut disse ao Brazil Journal que a companhia também planeja reduzir seu capex para começar a ter uma geração positiva de caixa
As duas medidas vão no sentido de aumentar a eficiência do negócio.
Nos últimos anos, a Zamp tem tido ganhos expressivos de produtividade em seus restaurantes, com a digitalização das lojas.
“Na operação, nas lojas, já somos uma empresa madura, com uma série de sinergias e uma produtividade alta,” disse Ariel. “Mas no corporativo nunca fomos muito eficientes em capturar sinergias que eram óbvias.”
Os cortes anunciados hoje visam capturar essas sinergias.
Até agora, a Zamp tinha duas áreas de expansão, uma para o Burger King e uma para o Popeyes, bem como dois times de manutenção de lojas. “E às vezes os dois times vão para o mesmo shopping,” disse Ariel.
Outra duplicidade acontece na área de tecnologia, que também tem dois times separados que trabalham em cada uma das marcas.
A ideia agora é unificar essas áreas, o que vai gerar ganhos de eficiência e reduzir as despesas da companhia.
Ariel disse que desde que assumiu como CEO em março do ano passado, escuta sempre as mesmas duas perguntas de analistas e investidores: “quando a companhia vai otimizar o SG&A?” “Quando vai parar de gastar tanto com capex e começar a ter um free cash flow positivo?”
Segundo o CEO, a redução do headcount já vai gerar um impacto positivo no resultado deste ano, mesmo considerando as despesas com as rescisões, já que parte importante das demissões foi concentrada em cargos mais altos, de gerência. Ainda assim, o grosso dos ganhos começará a ser capturado só no ano que vem.
Já a redução do capex tem a ver com os juros altos, segundo o CEO. (Mesmo com a esperada queda dos juros, o custo da dívida da Zamp deve continuar alto).
Historicamente, a Zamp sempre gerou muito caixa – mas gastou mais com investimentos, resultando numa geração de caixa livre negativa que era coberta com emissões de dívidas ou ofertas de ações.
“Há dois ou três anos, fazia todo sentido ir ao mercado captar com a Selic a 3%, 4%. Agora, o crédito está mais caro e mais raro. Então começamos a nos questionar se fazia sentido manter esse mesmo ritmo de expansão,” disse ele.
A Zamp tem uma alavancagem controlada, de 1,5x EBITDA, mas o serviço da dívida custa mais de R$ 100 milhões/ano.
Para reduzir o capex sem impactar o crescimento, a ideia da companhia é manter o mesmo ritmo de aberturas de lojas mas focar em franquias em vez de lojas próprias.
Hoje, das mais de 1.000 lojas da Zamp, 80% são próprias. Ariel disse que a ideia é reduzir essa proporção para 70% ou 60% nos próximos anos.
“Hoje temos um grupo forte de franqueados que permite fazer isso, e nossa ideia é que eles respondam por metade da expansão nos próximos anos, o que vai gerar um alívio importante de capex,” disse o CEO.
Com isso, a Zamp pode reduzir sua alavancagem ou aumentar a remuneração dos acionistas, com distribuição de dividendos ou recompra de ações.