A Braskem é frequentemente vista como a última joia do império Odebrecht — razão pela qual a resistência da família a abordagens de venda é geralmente vista com naturalidade pelo mercado.
Mas agora, a Odebrecht disse que deu início aos trabalhos.
A Odebrecht disse ontem que, “em cumprimento a compromissos assumidos com credores concursais e extraconcursais,” começou o processo para uma “alienação privada” da sua participação na petroquímica. O movimento parece ter sido deflagrado pela homologação judicial do plano aprovado pelos credores em 22 de abril.
O conglomerado contratou o Morgan Stanley para assessorá-lo, mas a transação ainda tem que ser combinada com a Petrobras, que tem direito de tag along.
Pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal que a estatal tem pressionado a Braskem a aumentar a provisão feita para cobrir os danos em Alagoas, onde atribui-se à atividade de sal-gema da companhia o afundamento de bairros da capital.
A Petrobras também tem dito à Odebrecht que gostaria de trocar o CFO da Braskem por um perfil mais voltado ao mercado.
O objetivo da Petrobras é fazer uma venda pública — em Bolsa — da Braskem, mas o CEO Roberto Castello Branco tem dito ao mercado que a Braskem precisa melhorar a governança para recuperar seu valor de mercado — antes de ser vendida.
A decisão de venda vem num momento de fragilidade do balanço da Braskem.
A alavancagem da empresa atingiu níveis preocupantes no segundo trimestre, reportado esta semana, e a cautela sugere que a companhia deveria chamar capital em breve. A dívida líquida chegou a 7,11 vezes o EBITDA recorrente dos últimos 12 meses — comparado a 5,84x no final do primeiro tri e 2,88x um ano atrás.
Considerando os recursos da emissão de US$ 600 milhões em dívida subordinada que a companhia fez em julho — e que custa 8,5% ao ano — a alavancagem melhora ligeiramente para 6,77x.
As coisas podem melhorar no terceiro tri, sazonalmente o melhor, e que este ano deve se beneficiar diretamente da implosão do preço da nafta em março e abril (dado que o estoque é afetado depois de cerca de três meses).
Uma fonte próxima à Odebrecht disse que não se deve esperar grandes emoções nos próximos meses. “Será um processo longo e sem pressa.”