A Vulcabrás publicou agora há pouco seu 12º trimestre consecutivo de crescimento acima de dois dígitos, deixando os tempos da pandemia definitivamente no passado.
Mais que isso: a empresa bateu o consenso do mercado – que já era construtivo – em todas as linhas do balanço.
A receita líquida da fabricante de tênis de corrida das marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno ficou em R$ 724 milhões, alta de 10,9% em relação ao mesmo tri do ano anterior; o mercado esperava R$ 715,5 milhões.
O lucro líquido recorrente chegou a R$ 133,8 milhões, uma alta de 41% na comparação anual e o maior da história para um trimestre.
As margens também superaram as expectativas. Enquanto a margem bruta subiu 5,4 pontos para 41,4% (contra um consenso de 39,9%), a margem EBITDA teve alta de 4,3 pontos para 23,3%.
O CFO Wagner Dantas disse ao Brazil Journal que a empresa espera manter o ritmo de crescimento, que foi puxado principalmente pelo e-commerce.
As vendas pela internet subiram 104,7% na comparação anual e agora representam 7,8% do faturamento total da companhia.
Apesar de ter margens menores do que o varejo físico, o e-commerce tem sido uma máquina de gerar caixa para a Vulcabrás.
Isso porque, como a empresa vende diretamente para o consumidor, ela fica com o spread que iria para o varejista.
“Quando eu vendo um calçado no ponto de venda por R$ 200, o varejista paga algo como R$ 100. No site, eu vendo diretamente a R$ 200,” disse Dantas.
O executivo está otimista que as margens continuarão subindo no segundo semestre – período em que as vendas são mais altas – até mesmo pelo potencial de crescimento das vendas online.
A participação do e-commerce da Vulcabrás ainda é baixa em comparação às de fabricantes internacionais, que ficam entre 25% e 30%, segundo o executivo.
O ambiente macroeconômico também deve ajudar no crescimento da Vulcabrás em volume, que apresentou queda de 1,1% no segundo trimestre.
Apesar dos calçados esportivos, carro-chefe da empresa, terem crescido 8% em volume, as roupas e acessórios, tiveram uma queda forte de 23,9%. O CFO diz que o inverno menos rigoroso impactou essa conta, bem como uma menor tração destes produtos nos varejistas.
“Ainda não há essa cultura de explicar os produtos. É preciso ter um vendedor fazendo uma curadoria explicando a diferença de uma camisa de R$ 79 para uma de R$ 300,” disse.
Em parte por isso, a Vulcabras está pensando cada vez mais em abrir lojas próprias, especialmente para conseguir expor melhor seus produtos. “As lojas próprias são quase um must have para a venda de acessórios,” disse o CFO.
A agenda do CEO Pedro Bartelle também pode incluir a compra de alguma outra marca. Desde que pagou R$ 200 milhões pela Mizuno no fim de 2020, a Vulcabrás não comprou mais nenhum ativo.
Como a alavancagem da empresa está em 0,1x, o mercado provavelmente olharia com bons olhos uma transação dado o histórico da Vulcabrás: segundo o CFO, a Mizuno mais do que dobrou de tamanho desde a aquisição.
A ação da Vulcabrás sobe 69% nos últimos doze meses. A companhia vale R$ 4,9 bilhões na Bolsa.
A companhia dos Grendene negocia a um múltiplo EV/EBITDA de 8,25x, enquanto Alpargatas, Arezzo&Co e Grendene negociam a 16,5x, 14,2x, e 12,8x, respectivamente.