O fundo Adaggio — levantado em 2021 pela Arbor Capital para comprar direitos autorais de músicas — acaba de ser vendido por R$ 150 milhões, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal

O comprador foi um investidor financeiro internacional especializado no segmento e que ainda não tinha presença no Brasil. 

Segundo uma fonte, o valor da transação é de 2x o montante investido pelo Adaggio para comprar seus 150 catálogos, que contêm mais de 140 mil músicas. 

O Adaggio tem em seu acervo catálogos de artistas como Dado Villa-Lobos, o guitarrista do Legião Urbana; Jorge Aragão, um dos grandes nomes do samba; e Délcio Luiz da Silveira, autor de hits do Molejo como “Brincadeira de Criança” e a “Dança da Vassoura.”  

Outros artistas no portfólio são Paulinho Rezende, que compôs sucessos gravados por Zeca Pagodinho, Alcione e Chitãozinho e Xororó; Toni Garrido, da banda Cidade Negra; Dinho, o principal compositor dos Mamonas Assassinas; e Rodrigo Reys, o compositor sertanejo que tem diversas músicas nos Top 50 do Spotify, incluindo “Baby, me atende.”

O valuation da transação implica um múltiplo de 7,5x a geração de caixa do Adaggio, líquida de impostos. Para efeito de comparação, o Adaggio comprou os catálogos nos últimos anos pagando uma média de 4,5x, com transações que variaram de 3x a 13x. 

A diferença de múltiplo é justificável. 

Para o comprador, a transação será sua porta de entrada para o mercado brasileiro de música, um dos que mais cresce no mundo. 

“Tem um componente do valuation que é o fluxo de caixa descontado, mas tem um componente importante que é comprar um negócio já estabelecido e com todos os relacionamentos no meio da música,” disse uma das fontes. “Não é só os catálogos que eles estão comprando, mas uma plataforma já pronta para eles alocarem mais capital.”

Como parte do acordo, os principais executivos da Adaggio vão continuar à frente do negócio, incluindo o CEO João Luccas Caracas, mais conhecido no meio da música como o DJ Beowulf. 

Para os cotistas do fundo, o retorno líquido da venda será de 23% ao ano — mais que o dobro do retorno que o CDI deu no mesmo período (de cerca de 10%). A comparação com o Ibovespa não é nem justa: nos últimos três anos, o índice acumulou uma alta de apenas 17%. 

O maior cotista do Adaggio é a Atmos Capital, que ancorou o fundo e participa do conselho, tendo se envolvido diretamente nas negociações de venda. 

As conversas para a venda começaram há mais de cinco meses, mas entraram na reta final nos últimos dois. O Adaggio chegou a conversar com mais um player do setor, com esse mesmo perfil financeiro. 

A tese do fundo sempre foi comprar catálogos atemporais, focando em gêneros como samba, MPB, pagode e gospel.