‘Arriba, abajo, al centro y adentro’: o México está prestes a erguer um brinde — na cara de Donald Trump.
O IPO da José Cuervo, a fabricante da tequila mais vendida do mundo, deve sair amanhã no topo da faixa de preço pretendida pela companhia, o que dará à empresa um valor de mercado de US$5 bilhões.
Até hoje à noite, a demanda era cinco vezes maior que a oferta.
O sucesso do IPO — apesar de todos os danos econômicos já impostos ao México pela posição lunático-beligerante de Trump — prova que a José Cuervo é uma empresa singular.
Assim como os vinhos DOC (‘denominazione di origine controllata’), a tequila só recebe este nome quando é produzida em alguns estados mexicanos, a área de ‘apelação de origem’. Esta área inclui principalmente o estado de Jalisco, onde fica a cidade de Tequila, perto da capital, Guadalajara.
Se não é feita ali, não é tequila, e isto explica em parte que o domicílio da empresa seja o México, apesar de 80% de suas vendas serem feitas em dólares, em outros países.
A Cuervo é dona de milhares de hectares de terras em que se cultiva o agave-azul, a planta que é a matéria-prima da tequila e que precisa amadurecer de cinco a dez anos antes de ser colhida.
Dada a escala e a especificidade das terras, é praticamente impossível um concorrente montar uma outra José Cuervo a partir do zero.
A Diageo, que tinha um acordo de distribuição conjunta com a José Cuervo nos EUA, tentou comprar a companhia mexicana diversas vezes, mas os dois lados não chegaram a um acordo.
Nos EUA, a tequila é a segunda bebida destilada que mais cresce. Entre 2009 e 2015, seu crescimento médio foi de 5,3%, depois do whiskey irlandês (17,9%) e à frente do whiskey americano (4,5%) e da vodca (3,3%).
No mercado global de destilados, é a bebida com mais potencial de crescimento. O share da tequila é de apenas 0,9%, comparado aos 15,2% da vodca, os 12,5% do whiskey e os 4,5% do rum.
Ao analisar a Cuervo, os investidores a comparam com três empresas semelhantes listadas em Bolsa: a gigante Diageo, que fabrica a vodca Smirnoff e a cerveja Guinness; a Campari, que vale €5,5 bilhões na bolsa de Milão; e a Pernod Ricard.
Baseado no interesse pesado dos investidores locais e internacionais, a ação da Cuervo deve sair a 25 vezes seu lucro estimado para este ano, ou a 14,3 vezes EV/EBITDA, múltiplos em linha com as empresas comparáveis.