Numa transação que cria um atalho para seu crescimento, o Carrefour Brasil está comprando 30 lojas do Makro Atacadista por R$ 1,95 bilhão.
A aquisição é o movimento mais importante do Carrefour no Brasil desde a aquisição do Atacadão em 2007 e equivale a dobrar sua aposta no atacarejo, o formato que mais cresce vendas tanto na companhia quanto no concorrente, o Grupo Pão de Açúcar.
O Carrefour pretende converter a bandeira das novas lojas para Atacadão num período de 12 meses após o fechamento da transação, elevando seu total de lojas de 187 para 217.
A companhia espera que a conversão aumente as vendas em mais de 60% e que a estrutura de custos seja otimizada, “possibilitando o alcance gradual de níveis de rentabilidade similares aos existentes nas lojas atuais.”
Das 30 lojas adquiridas, 22 são próprias e oito alugadas. O pacote inclui também 14 postos de combustíveis operados pelo Makro.
As 30 lojas tiveram uma venda bruta de R$ 2,8 bilhões no ano passado e têm grande complementaridade geográfica com as atuais lojas do Atacadão.
A transação permite ao Atacadão expandir sua presença principalmente no estado do Rio de Janeiro (7 lojas) e na região Nordeste (8 lojas).
Um analista disse que as lojas do Makro são muito bem localizadas — mas também muito antigas, o que deve demandar um investimento considerável.
Por ora, o Makro vai continuar operando suas 24 lojas no estado de São Paulo, as mais lucrativas no Brasil, mas o mercado aposta que o desmonte deve continuar.
“A dúvida agora é quem ficará com São Paulo, que provavelmente ficou fora do pacote por questões de concentração geográfica,” diz o analista.
Como nem o Carrefour nem o GPA podem comprar as lojas de São Paulo, o pacote paulista poderia atrair players médios como o grupo Pereira — dono dos supermercados Comper e dos atacarejos Fort e Bate Forte — e o Muffato.
A transação de hoje foi negociada diretamente entre o Carrefour Brasil e o Makro Brasil, sem bancos envolvidos.
O escritório Souza Mello e Torres assessorou o Makro.
O time jurídico do Carrefour Brasil fez a maior parte do trabalho, auxiliado pelo Barbosa Müssnich Aragão.