André Esteves

Desta vez a promessa, se houve, não estava escrita num guardanapo.

Num caso que lembra a famosa peleja de Rodolfo Landim contra Eike Batista, a Bloomberg reportou ontem à noite que um ex-funcionário do BTG Pactual em Hong Kong está processando o BTG, seu controlador, André Esteves, e outro sócio do banco, Huw Jenkins, por, digamos, “sociedade prometida e não paga”.

Em Landim v. Batista — a mãe de todas as ações trabalhistas — o primeiro cobrava do segundo um cheque de R$ 500 milhões, ou 1% da então poderosa EBX, por Eike ter escrito (na contracapa de um caderno ou num pedaço de guardanapo, as versões variam) que daria a Landim 1% de seu império se Landim fosse trabalhar pra ele.

O caso atual é bem menor e menos excêntrico, mas também envolve a fundação de um império.

Zeljko Ivic, o reclamante, alega que Esteves e o BTG lhe prometeram sociedade no banco para recompensar seu trabalho, mas não lhe teriam pago. Que trabalho? Ivic alega que foi pessoa-chave na captação de recursos que o BTG fez junto a nove entidades, incluindo os fundos soberanos China Investment Corporation e GIC e as famílias uber-líquidas Rothschild e Agnelli.

Naquela operação, em dezembro de 2010, Esteves vendeu uma participação de 18% por US$ 1,8 bilhão, ou seja, os investidores avaliaram o banco em US$ 10 bilhões — o BTG hoje vale R$ 29,4 bilhões, ou cerca de US$ 13,3 bilhões. A operação sedimentou a imagem do BTG como um banco bem relacionado e ajudou na construção da narrativa de seu IPO. (“Ora, se os Rothschild entraram, deve ser um bom negócio…”)

Agora, Ivic busca na Justiça uma reparação de mais de US$ 20 milhões, bem como “bônus não pagos”, segundo a Bloomberg.

O advogado do BTG disse à agência que o banco vai se defender das acusações, que são “sem base e sem mérito”.

Mas sejamos realistas: Esse processo de graves acusações e cifras modestas não deve estar nem na periferia da agenda de Esteves. De acordo com a Reuters, o BTG está em ‘negociações exclusivas’ com a seguradora italiana Generali para comprar sua gestora de fortunas suíça, a BSI, numa operação que pode chegar a dois bilhões de euros, na estimativa de analistas ouvidos pela agência.