A Yduqs acaba de anunciar a aquisição da Edufor, uma faculdade do Maranhão, numa transação que adiciona 118 vagas de medicina e 2,8 mil alunos de cursos presenciais ao portfólio do grupo.
O negócio foi fechado por R$ 145 milhões e o pagamento será feito em cash – metade no ato e o restante em cinco parcelas anuais corrigidas pelo IPCA.
O CEO Eduardo Parente disse ao Brazil Journal que a aquisição foi em linha com a estratégia atual de aquisições da companhia: buscar M&As que não consumam muito caixa e não desacelerem muito o processo de desalavancagem.
“Estamos cirurgicamente buscando ativos que sejam bons, baratos e que ajudem a melhorar o guidance que demos,” disse Parente.
O negócio com a Edufor saiu a cerca de 2,5x EV/EBITDA considerando a maturidade da operação – um múltiplo ainda mais barato que o da ação da Yduqs, que negocia a 3,2x após desabar 60% nos últimos doze meses.
Segundo o executivo, a Yduqs está pagando cerca de R$ 1,2 milhão por vaga de medicina – R$ 1 milhão se considerar o valor presente.
Esse montante também não considera o ensino presencial, formado majoritariamente por alunos de direito e da área de saúde – “e que vão gerar valor para a Yduqs,” segundo o CEO.
Se for considerado o preço médio dos últimos anos, a Yduqs pagou barato pelas vagas de medicina.
Até 2023, diversas transações envolvendo faculdades de medicina saíram acima de R$ 2 milhões por vaga – com algumas batendo R$ 3 milhões.
Pela falta de demanda, as mensalidades em algumas praças também caíram. Esse cenário criou um alerta no mercado, que começou a cogitar uma possível sobreoferta.
“Eu disse na época que nunca pagaria esses valores. E agora é o momento de fazer aquisições baratas de faculdades médias e pequenas,” disse o CEO, que ainda vê muito espaço para novas vagas de medicina.
A compra da Edufor vai deixar a Yduqs como a segunda maior instituição em número de vagas de medicina no Maranhão – e a segunda maior de todo o setor. Segundo Parente, com a liberação de 340 vagas pelo Mais Médicos e a aquisição de hoje, a empresa vai ficar apenas atrás da Afya.
O negócio não precisa do aval do CADE e a integração começa já nesta segunda-feira.
Esta é a segunda aquisição da dona da Estácio e do IBMEC em 2024 – depois de um hiato de quatro anos sem M&As.
Em maio, a Yduqs pagou R$ 49 milhões pelo centro universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte.
O CEO disse que há cerca de 15 empresas no pipeline e que as aquisições vão ajudar a Yduqs a bater os números do seu guidance, publicado em maio.
Na época, a empresa anunciou um lucro líquido ajustado por ação entre R$ 1,60 e R$ 1,90 em 2024, subindo ano a ano até chegar a valores entre R$ 3 e R$ 4 no período entre 2027 a 2029.
Além disso, a companhia estima um CAGR entre 5% a 9% para a receita líquida e o EBITDA entre 2025 e 2029.
“Existe uma estratégia interna de ir além do guidance com as aquisições, e nós vamos revisar para cima os números no ano que vem,” disse.
Nos últimos meses, parte do mercado começou a especular sobre uma fusão entre a Yduqs e a Cogna – repetindo o movimento que aconteceu na década passada mas foi barrado pelo CADE.
Parente diz que não há qualquer tipo de negociação com a Cogna ou qualquer outra empresa – mas que “sempre existem conversas.”
Segundo ele, dada a baixa concentração do setor, as fusões entre grandes empresas de educação são “inevitáveis,” e a Cogna não seria a única opção para a Yduqs.
“Mas nós estamos em uma situação em que podemos esperar pelos melhores deals,” disse ele.
Sobre a brutal queda das ações – mais do que devolvendo todo o ganho de 113% registrado em 2023 – Parente disse que a Yduqs será beneficiada quando o investidor estrangeiro voltar para a Bolsa brasileira.
“Eu acho que nós dependemos muito do mercado externo. No momento em que o foco voltar para os emerging markets, a Yduqs vai voltar a brilhar,” disse.
A Yduqs agora vale R$ 2,4 bilhões na B3.