Entre banqueiros e advogados envolvidos no processo de venda da Braskem, não passou despercebido um pronunciamento de Renan Calheiros ontem na tribuna do Senado.
Essencialmente, o senador alagoano disse que antes da venda da companhia, é preciso que a Braskem acerte sua dívida com Maceió – onde em 2018 a companhia protagonizou um desastre ambiental em que o solo cedeu como resultado da extração de sal-gema pela Braskem.
“Preliminarmente, antes de qualquer coisa, antes de qualquer negociação envolvendo a Braskem – venda ou ampliação do capital da Petrobras – passamos primeiro pela necessidade da Braskem e da Petrobras em seguida honrarem o contrato social que assumiram com o Estado de Alagoas,” disse Renan.
Segundo ele, “não dá para autorizarmos do ponto de vista deste Senado … que se permita resolver o problema da Braskem sem que primeiro a Braskem pague a dívida com o Estado de Alagoas e a prefeitura de Maceió.”
A Braskem já pagou R$ 2,7 bilhões em multas e indenizações referentes ao que seu balanço chama de “evento geológico” em 2021, mais R$ 2,5 bilhões no ano passado, e ainda carrega provisões de R$ 6,6 bilhões ligadas ao evento.
O senador disse que “a Petrobras, acionista, também tem responsabilidade,” e colocou o desastre em perspectiva.
“Só para se ter uma ideia desse desastre brasileiro, a tragédia de Brumadinho atingiu 2,4 mil pessoas. O desastre geológico de Maceió impactou 200 mil pessoas. Os efeitos econômicos e sociais transcendem as áreas mais atingidas. Eles afetaram todo o estado de Alagoas. Antes que se imponha uma nova realidade acionária da Braskem, é preciso que essa empresa, sua nova controladora e mesmo a Petrobras assinem um contrato social com Alagoas e os alagoanos para honrar compromissos, além das indenizações já em andamento por demandas judiciais ou não. Se o solo cedeu pela irresponsabilidade, nós não cederemos.”