A XP Inc. está zerando a corretagem da Rico — sua marca mais jovem e focada na experiência do usuário — e reduzindo suas próprias taxas em 75%, num movimento que deve pressionar os preços do setor num momento de disputa selvagem pelo cliente pessoa física.

O CEO da Rico, Laio Santos, disse que o movimento é uma resposta à inquietação crescente dos clientes em relação a preço. Ao reduzir a fricção que o custo da corretagem representa, a corretora espera no longo prazo mais do que compensar a perda de receita na medida em que os clientes compram mais produtos — como fundos de investimentos — e deixam mais dinheiro na corretora. 

“Isso deve ajudar na atração de novos clientes e na fidelização da base, aumentando o nosso lifetime value,” disse Laio. 

A Rico cobrava uma corretagem de R$ 7,50 tanto para operações de day trade quanto para operações que não são feitas no mesmo dia. No mercado fracionário, R$ 1,90.

Na XP, a corretagem era de R$ 18,9 e vai para R$ 2,90 no day trade e R$ 4,90 para outras operações. 

Para efeito de comparação, o Itaú cobra um flat fee de R$ 10 e R$ 8 para day trades, e o BTG Digital, até R$ 7,90 numa tabela regressiva. Já o Banco Inter lançou seu home broker no final de 2018 sem taxa de custódia ou corretagem.

“Se a gente não faz esse movimento, ou a gente perde clientes ou não ganha tanto quanto poderia,” disse Karel Luketic, diretor de marketing e conteúdo digital da XP Inc.

A XP tem 55% do mercado de pessoas físicas na Bolsa e 20% do mercado total de corretagem, que inclui institucionais. 

O movimento de corte de preços não está associado a uma possível venda do flow de ordens, como acontece com a Robinhood nos EUA. Atualmente o RLP (que permite à corretora operar contra o flow) só é homologado para minicontratos de índice e dólar.