Em seu primeiro trimestre como companhia aberta, a XP Inc. surpreendeu as expectativas do mercado na receita, fazendo a ação subir 10% em Nova York no pregão after hours.
O guidance para crescimento de receita bruta era de 60%; a companhia entregou 84%. Cerca de 68% da receita veio do varejo, com o institucional representando 18%.
O take rate — que reflete a comissão média da empresa na prestação de serviços ao varejo como percentual dos ativos sob custódia — subiu para 1,4% contra 1,2% no trimestre anterior.
O lucro líquido subiu 147% no período, para R$ 415 milhões — o mesmo que a companhia lucrou no ano de 2018 inteiro.
A margem líquida, que estava em 18% no primeiro trimestre de 2019, subiu para 23,9% no trimestre. O guidance da empresa era de 22%.
O aumento da margem se deu pela alta nas receitas, principalmente com corretagem de ações, e por uma redução nos impostos.
Na área de conteúdo digital, liderada pelo Infomoney, a XP faturou R$ 27 milhões, uma alta de 70% em relação ao ano anterior.
A corretora disse que os ativos sob custódia chegaram a R$ 366 bilhões no final de março, uma alta de 58% sobre o mesmo período do ano anterior mas 11% a menos que no fim do quatro trimestre. O número já era público desde 15 de abril, quando a companhia anunciou seus principais KPIs.
A perda sequencial de R$ 43 milhões foi causada principalmente pela queda do mercado, que depreciou os ativos em R$ 58 bi, bem como o saque de R$ 21 bilhões de um cliente corporativo. No trimestre, a XP captou R$ 36 bilhões em termos líquidos.
De janeiro a abril, a XP captou uma média de R$ 10,7 bilhões por mês. O CFO Bruno Constantino disse que a empresa notou uma desaceleração no influxo em abril, e o atribuiu à exigência dos bancos de que o cliente compareça à agência para transferir grandes somas — num momento em que muitas agências estão fechadas.
Constantino disse que no início de maio a situação já estava melhorando, mas admitiu que o segundo tri como um todo pode ser mais fraco na captação. “O dinheiro vai chegar. Temos clientes fazendo pequenas transferências todo dia, e outros esperando a agência abrir,” disse.
Os clientes ativos quase dobraram de um ano para o outro: uma alta de 81%, chegando a 2 milhões de clientes. A maior parte do crescimento veio de canais diretos e B2B, com a Clear se destacando entre as três marcas de varejo.
A XP fechou o dia valendo US$ 13,7 bilhões em Nova York, com a ação cotada a US$ 24,86.