A XP disse que seu lucro no quarto tri cresceu 37% na comparação anual e 10% nos últimos 12 meses, enquanto sua eficiência operacional atingiu novo recorde.
O supermercado financeiro de Guilherme Benchimol lucrou R$ 1,04 bi quarto trimestre – em linha com o consenso e o terceiro trimestre consecutivo de resultados neste patamar.
O lucro ajustado ficou em R$ 1,07 bi depois que a empresa fez um impairment na Xtage, sua bolsa de cripto que foi descontinuada, e reconheceu uma perda num ativo financeiro não especificado.
O ‘take rate’ da operação de varejo – que reflete a comissão média da XP na prestação de serviços como percentual dos ativos sob custódia – foi de 1,27% no quarto trimestre, em termos anualizados. No ano fechado, a métrica também ficou em 1,27%.
A XP fechou o ano com R$ 1,122 trilhão em ativos sob custódia – sendo R$ 1,011 trilhão no varejo e R$ 111 bilhões de aplicações de empresas.
A margem EBT fechou em 26,8%, o low end do guidance de 26% a 32%.
O CFO Bruno Constantino disse que a empresa está focada em manter os custos sob controle enquanto espera a volta do mercado.
“Estamos vendo early signs de uma recuperação: o mercado de dívida está bem quente e tem alguma volta de fluxo para os fundos, a maior parte em crédito e renda fixa. Mas seria prematuro dizer que as coisas voltaram ao normal. O investidor pessoa física demora a voltar porque o juro ainda está alto e os ativos de risco ainda não estão performando como o mercado desejaria,” Constantino disse ao Brazil Journal.
A receita bruta fechou o ano em R$ 15,7 bi, um crescimento de 12% e um novo recorde.
Depois de um 2021 e 2022 desafiadores para o core business da empresa, a XP agora está experimentando taxas de crescimento mais modestas do que na época do bull market.
Ao mesmo tempo, tem tentado tornar seu negócio mais resiliente e diversificado, enquanto aperta os custos
para atravessar o deserto.
O índice de eficiência operacional – que divide o SG&A pela receita líquida – atingiu o melhor patamar desde o IPO. A métrica fechou o ano em 36,3% em termos contábeis e, excluindo o one-off de R$ 44 milhões (non-cash), ficou em 36%. Este nível se compara a 39,2% no final de 2021 e a 42% no final de 2022.
A receita “não-investimento” advinda de clientes PF – previdência, cartão, crédito, seguro, câmbio, investimento global e conta digital – somada a todas as receitas com clientes PJ (também excluindo investimentos) somou R$ 2,7 bi e cresceu cerca de 40% em 2023.
Como esses são negócios menos cíclicos do que as receitas com investimento (como corretagem e receita de distribuição de fundos), a XP está investindo para aumentar sua proporção no bolo.
Uma lacuna significativa: a companhia espera colocar no mercado ainda este ano sua conta digital para PJ, uma das prioridades do CEO Thiago Maffra.
Dentro do negócio de varejo, as novas verticais de produtos multiplicaram sua receita por 3x em dois anos, de R$ 570 milhões para R$ 1,7 bi.
No chamado ‘core retail’ – corretagem e receitas de distribuição de fundos – caiu 3% desde o high em 2021 para R$ 8,1 bi no ano passado, comprimindo o ‘take rate’ do core retail de 1,5% há dois anos para 1% em 2023.
Mas nestes dois anos, os ativos sob custódia dos clientes do varejo cresceram 40%, de R$ 627 bilhões em 2021 para R$ 882 bi – enquanto a empresa segurou os custos.
Isso tudo gera uma situação análoga a uma mola comprimida, que hoje é o bull case do investimento na XP: se recuperar aqueles 50bp de take rate nos R$ 882 bi de ativos sob custódia, isso significaria uma receita adicional de R$ 4,4 bilhões com quase nenhum custo incremental.
A ação da XP cai 3% no after market em Nova York depois da publicação do resultado.