A Positivo Tecnologia está anunciando hoje um acordo para o licenciamento exclusivo dos celulares Infinix, a marca premium da chinesa Transsion.
A Transsion é listada na bolsa de Xangai e está avaliada em US$ 18 bilhões. A empresa é a sexta maior fabricante de smartphones do mundo, e a terceira maior produtora dos aparelhos mais simples, os feature phones.
Pela parceria, a Positivo vai fabricar e distribuir os produtos da Transsion no Brasil — as primeiras unidades já saíram da fábrica na Zona Franca de Manaus.
Norberto Maraschin, vp de negócios de consumo da Positivo, diz que o acordo é de “longuíssimo prazo” e deverá ser transformacional para a Positivo, que pretende aumentar seu market share em celulares de 2% para 10% num prazo de 3 a 5 anos.
Como o mercado de celulares no Brasil movimenta R$ 40 bilhões/ano, um share de 10% seria superior a toda a receita atual da Positivo.
Hoje, somente Samsung e Motorola têm produção local de aparelhos no Brasil, depois que a LG deixou o mercado — e é este espaço que a Positivo pretende ocupar.
Norberto conheceu Georges Zho, fundador da Transsion, em 2014, em um evento do setor. Desde então mantiveram contato.
“Para entrar no mercado brasileiro, a produção tem que ser local, já que os impostos de importação deixam o aparelho 30% mais caro,” diz Norberto.
Apesar da sede na China, a Transsion é conhecida no setor por dominar o mercado na África, onde tem market share superior a 50% desde 2017. Na Índia, a empresa tem 12% do mercado e vem expandindo seu negócio globalmente — está em mais de 70 países.
Hoje, a venda de smartphones está em queda porque o ritmo de inovação tecnológica diminuiu, mas o usuário está sempre em busca de um upgrade na troca no celular. Para crescer, a Positivo precisava colocar um pé neste segmento.
Até a parceria, a Positivo atuava no mercado de celulares com sua marca própria, com aparelhos de preço mais baixo. A empresa estima ter cerca de 30% do mercado de feature phones. Já em smartphones, a Positivo só vendia aparelhos de até R$ 800 — nesse negócio, ela tem cerca de 20% do mercado.
“O problema é que esse segmento de entrada em smartphones é somente 10% do mercado, ou seja, a Positivo não estava participando de 90% do mercado”, diz Norberto.
A parceria com a Transsion começa com a venda do Infinix Note 10 PRO, em duas versões: uma com capacidade de armazenagem de 128 GB, que sairá por R$ 1.499; e outra com 256 GB, por R$ 1.699.
A estratégia de lançamento leva em consideração o fato de o produto já ser oferecido no Brasil em sites de ecommerce que trazem o aparelho do exterior e o vendem por R$ 2 mil em média, sem garantia.
Além do preço menor, a Positivo vai dar 2 anos de garantia no produto, o que Norberto diz ser inédito na indústria. Os celulares serão vendidos no site da Positivo, na VIA e, a partir de dezembro deverão estar também nas lojas da Vivo.
A estratégia do CEO Helio Rotenberg não é ir atrás do público que compra o iPhone. O Infinix tem uma tela de 6,95 polegadas, maior do que a média dos outros celulares, além de alta resolução e resposta ao toque, características que fizeram com que, no mundo, o aparelho caísse no gosto dos gamers.
A Positivo está de olho neste público: a empresa encomendou uma pesquisa que mostrou que 72% dos brasileiros têm o costume de jogar jogos eletrônicos. Nesse mundo de gamers, 51,5% são mulheres e a maior participação etária (25%) é de jovens entre 20 e 24 anos.
A Positivo está replicando em celulares uma estratégia que utiliza para os computadores. Nesse segmento, ela já atende todos os perfis de clientes. Positivo é a marca de entrada, e a empresa fechou acordos com Compaq e VAIO para itens de preços intermediário e mais caros.