Foi um dia de cão em Brasília.
Literalmente.
Enquanto na Comissão Mista do Orçamento governistas e oposição discutiam a aprovação do crédito extra de R$ 248 bilhões — sem o qual o governo começa a parar a partir do dia 25 — na Comissão de Meio Ambiente o clima era só fofura.
Na pauta: o uso de cães beagle como cobaias em testes de agrotóxicos, uma exigência da Anvisa.
O problema: a Anvisa não enviou representante à reunião.
A sessão esvaziada já se aproximava do fim quando – sob comentários de “ai, que gracinha!” e salvas de palmas – o secretário da mesa chamou um ser vestido de cachorro presente à sessão.
“Vem cá, cachorrinho simpático, vem cá”, disse o deputado Fred Costa, da Frente Parlamentar dos Animais, à la apresentador de programa de auditório. “Já que a gente não tem beagle, vem o dálmata, que essa a Anvisa não mandou para o sacrifício”.
A cena repercutiu nas redes sociais. “Se pintassem o deputado do dálmata de amarelo, acharia que estava assistindo os Simpsons”, disse uma arroba no Twitter.
A controvérsia sobre os beagles começou em março, quando a ONG Humane Society denunciou a Dow AgroSciences por expor 36 beagles a altas doses de fungicidas em um laboratório nos EUA.
Flagrada, a Dow apontou o dedo para a Anvisa, dizendo que os testes com os beagles eram uma exigência da agência brasileira para que o produto pudesse ser comercializado no País.
Na audiência de mais de duas horas, o deputado chamou a Anvisa de “prepotente e arrogante”. E determinou a convocação formal da agência para uma próxima audiência.
Fato é que a vergonha alheia funciona como estratégia de marketing: a patacoada jogou os holofotes para a comissão, que contava com pouco mais de meia dúzia de participantes (não fantasiados).