O Itaú iniciou a cobertura de Vulcabras com outperform e preço-justo de R$ 25, um upside de 21%.

Para os analistas do banco, a Vulcabras é hoje uma das maiores gestoras de marcas de calçados esportivos do Brasil, com um modelo verticalmente integrado que lhe dá uma vantagem competitiva.

Apesar disso, e de uma alta de 43% nos últimos 12 meses, a ação negocia a 9 vezes o lucro estimado para 2024, com desconto de 38% em relação ao múltiplo médio de varejistas brasileiras.

“Esse desconto parece enorme, considerando que a empresa deixou de fabricar apenas produtos próprios e passou a operar como gestora de calçados esportivos e com uma ‘cabeça de dono’, mantendo contratos de longo prazo com marcas internacionais”, escreveu o analista Victor Rogatis, junto com a equipe de consumo do banco.

Controlada pela família Grendene, que concentra 70% do negócio, a Vulcabras vale R$ 5,2 bilhões na Bolsa.

A empresa é dona da Olympikus – uma marca própria com preço acessível e um dos maiores volumes anuais de vendas de calçados da última década no Brasil – e que responde por 57% das vendas; e licencia as marcas Mizuno (30% da receita) num contrato que vai até 2033; e Under Armour, hoje com 10% das vendas mas, segundo o banco, com grande potencial de crescimento.

Para o Itaú, o controle familiar tem proporcionado à Vulcabras decisões assertivas de alocação de capital – como o licenciamento de suas marcas femininas para focar no segmento esportivo – o que resultou em um ROIC superior a 25%, acima da mediana das empresas de varejo acompanhadas pelo banco.

O relatório nota que a Vulcabras vem demonstrando um desempenho operacional robusto mesmo num cenário macroeconômico incerto. No segundo tri, a empresa reportou seu 12º tri consecutivo de crescimento de dois dígitos de receita. A empresa é forte geradora de caixa e deve ser ‘caixa líquido’ até o final deste ano.

Desde seu re-IPO, em 2017, a Vulcabras vem entregando picos históricos na margem bruta e na margem EBITDA recorrente, o que os analistas atribuem ao foco estratégico no esporte e à sinergia alcançada nas marcas, categorias de produtos e canais de distribuição.

“Acreditamos que isso indica uma rentabilidade sustentável,” escreveram os analistas. O Itaú espera que a expansão de margem persista, impulsionada principalmente pelo mix favorável de canais e produtos, apesar da base de comparação cada vez mais alta.

Entre os riscos para a tese, dois preocupam mais os analistas: a concorrência no médio prazo – se grandes marcas internacionais decidirem investir pesadamente em produtos para a base da pirâmide de preço e no segmento de corrida – e as discussões sobre a reforma tributária, que podem levar à perda de incentivos fiscais.

Por volta das 13:30 hs, a ação subia 1,4% para R$ 20,93.