A Vivara anunciou mudanças em seu acordo de acionistas que liberam 13,2% do capital da companhia para ser vendido no mercado – criando um overhang para a ação no curto prazo mas abrindo espaço para um aumento na liquidez do papel. 

O acordo reduziu as ações vinculadas ao acordo de acionistas de 57,9% para 39,7%.

Marcio Kaufman – filho do fundador da empresa, Nelson Kaufman, e ex-CEO da companhia – passa a ter 12,25% do capital da empresa livres para a venda, e continuará com outros 2% vinculados ao acordo de acionistas. Sua irmã, Marina Kaufman, terá 0,75% do capital desvinculado do acordo, e o CEO Paulo Kruglensky, 0,2%. Essas participações também estão livres para venda. 

Com dificuldades de relacionamento com o pai, Marcio – que deixou o comando da Vivara em fevereiro de 2021 depois de 10 anos – procurava há meses uma forma de se desvincular da empresa. O novo acordo de acionistas parece ter sido esta solução.

Como parte do acordo, Marcio também transferiu 5% do capital para Nelson. Não está claro se essa transferência envolveu algum desembolso financeiro por parte de Nelson. Esses 5% agora também estão desvinculados do acordo de acionistas, mas estão sujeitos a um lock-up de 2 anos. 

“É um movimento que cria um overhang e pressiona o papel no curto prazo, mas que vai ser bom para a ação no longo prazo porque vai aumentar o free float e a liquidez,” disse Danniela Eiger, a analista de varejo da XP. “A baixa liquidez era um dos principais pushbacks dos investidores. Resolver isso pode ser um trigger para investidores aumentarem suas posições.”

Hoje, o free float da Vivara está em 42,1% do capital, e a liquidez diária do papel gira em torno de R$ 26 milhões. 

A Vivara também criou regras para a venda das ações que não fazem mais parte do acordo de acionistas. Se a venda superar R$ 500 milhões, terá que ser feita por meio de um follow-on. Já uma venda entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões pode acontecer por um block trade ou um follow-on – e, se a venda for menor que R$ 100 milhões, terá que ser restrita a 15% da liquidez diária da ação. 

O novo acordo de acionistas será válido por 15 anos e renovado automaticamente por mais 10 anos. 

Na terça-feira, a Vivara fechou valendo R$ 6,6 bilhões na Bolsa.