A Vitalatte & Yorgus — que produz lácteos que vão do requeijão à burrata, do iogurte à mussarela — acaba de comprar a Keiff, a pioneira e líder na produção de kefir no Brasil.
Para quem não sabe: o kefir é um iogurte probiótico que tem levedura em sua composição. A bebida é originária das montanhas do Cáucaso, na Rússia, e desembarcou no Brasil apenas nos últimos anos.
“Essa bebida é muito boa para a saúde do intestino e é considerada o champagne dos iogurtes,” Enrico Leta, o co-CEO da Vitalatte, disse ao Brazil Journal.
A aquisição foi de 100% do capital por meio de uma troca de ações, com o fundador Rafael Abad se tornando acionista e executivo da Vitalatte.
A Keiff foi fundada em 2017 e já está em mais de 1.000 pontos de venda em 20 estados. Uma das sinergias mais óbvias é usar a distribuição da Vitalatte — que já está em mais de 4.000 pontos — para acelerar a expansão da marca adquirida.
A aquisição da Keiff faz parte de um plano de expansão da Vitalatte, que acaba de fechar uma rodada — a primeira em sua história.
A captação foi feita com sócios da Atmos Capital e com a Sperss Capital, a gestora de Pedro Drevon, que foi sócio da 3G Capital por 12 anos e já liderou a operação da Kraft Heinz no Brasil. Pedro também terá uma cadeira no conselho da Vitalatte.
A aquisição de hoje é a primeira na história da Vitalatte, que sempre cresceu organicamente, desenvolvendo novos produtos do zero.
Enrico disse que a decisão de comprar em vez de desenvolver um kefir dentro de casa teve a ver com a dificuldade de produção desse tipo de bebida.
“Estudamos esse mercado, que já é bem grande nos Estados Unidos, desde 2017. O problema é que essa levedura é contaminante, então se fizéssemos na mesma fábrica do Yorgus [a marca de iogurte da empresa] tinha um risco grande de ela contaminar nossos iogurtes,” disse o co-CEO.
A Vitalatte nasceu em 2008 da compra de um laticínio que pertencia a cinco italianos em Valença, no interior do Rio de Janeiro. A empresa — que se chamava Italatte — estava passando por dificuldades e o irmão de Enrico, Patrick Urbano, viu a oportunidade de adquirir o negócio e fazer um turnaround.
Após a compra, o novo dono mudou o nome para Vitalatte e trouxe um mestre-queijeiro da Puglia para liderar a produção.
“Na época meu irmão tinha 20 e poucos anos e não tinha grandes ambições para a empresa,” disse Enrico. “Mas o negócio foi crescendo muito e hoje somos a maior fabricante de burrata do Brasil. Vendemos a nossa burrata para todo tipo de restaurante: de casas de suco a restaurantes de luxo.”
Enrico entrou no dia a dia da empresa quatro anos depois, quando voltou dos Estados Unidos com a ideia de lançar um “iogurte grego de verdade” no Brasil — dando origem à marca Yorgus.
Segundo Enrico, os iogurtes da Yorgus se diferenciam dos demais por serem dessorados, um processo que elimina a água do leite do iogurte e deixa o produto mais concentrado e com mais proteínas.
Hoje, metade do faturamento da empresa vem dos produtos da marca Vitalatte, e a outra metade, da Yorgus.
O plano da empresa é lançar novos produtos e ampliar sua distribuição, chegando a 10.000 pontos de venda até 2026, além de investir no digital. Hoje, 5% das vendas do Yorgus vêm de seu ecommerce.
Outro plano: começar a internacionalizar o negócio ainda este ano, começando pelo Chile, Paraguai e Uruguai. A escolha dos países foi estratégica: “são mercados menos evoluídos em produtos premium desse setor e mais próximos geograficamente,” disse Enrico.
A proximidade é relevante porque o shelf life dos produtos da Vitalatte é muito curto: em torno de 15 dias para os queijos e 40 para os iogurtes.