Com 40 anos de carreira, o celebrado artista plástico Vik Muniz – conhecido por trabalhar com materiais inusitados, como chocolate, açúcar e lixo – diz que sempre foi um consumidor voraz de cultura visual. “Tudo que é visual me fascina.”

“Não tenho nenhuma tendência à erudição. Sou uma pessoa superficial, só que tento cobrir uma superfície bastante abrangente,” disse a Nilton Bonder neste episódio do The Business of Life.

Nascido em 1961, em uma família de classe baixa em São Paulo, Muniz aprendeu a ler com sua avó, Ana Rocha, entre os 4 e 5 anos. “Ela era uma pessoa fascinante. Nunca foi à escola. Aprendeu a ler sozinha. Olhando e decodificando os livros dos filhos.”

“Ela lia blocos de textos, lia visualmente as palavras. E eu aprendi a ler desse jeito também.” Muniz explica que isso acabou moldando sua forma de perceber o mundo.

“Fui desenvolvendo uma percepção muito visual. Por ter aprendido a ler assim, comecei a desenhar muito cedo coisas que não conseguia escrever. Eu fazia desenhos e esses desenhos foram se desenvolvendo.”

Aos 14 anos, já na escola, Muniz ganhou uma bolsa para estudar desenho acadêmico. Mais tarde, ingressou na faculdade de Publicidade, mas frequentou o curso por apenas seis meses.

Filho de pai garçom e mãe telefonista, precisou abandonar a faculdade para trabalhar e ajudar com as contas de casa.

Um dia, foi apartar uma briga na rua e acabou levando um tiro na perna. Por conta do acidente, recebeu uma indenização e usou o dinheiro para ir para os Estados Unidos estudar inglês, em 1983.

Quando chegou a Nova York – cidade em que mora até então –, Muniz diz que se apaixonou na hora e decidiu ficar por lá.

Para ele, uma das funções do artista é a de criar ferramentas para que as pessoas possam se relacionar com o mundo. A arte, diz, é o desenvolvimento dessa relação entre a mente e a matéria, entre a consciência e o mundo físico.

Muniz lembra que seu trabalho já foi criticado por ser considerado “fácil” por usar ícones, estereótipos, arquétipos – coisas que todos conhecem.

“Mas tudo isso são estratégias. São técnicas. Eu gosto de usar esse vocabulário visual e colocá-lo junto com o vocabulário físico, de materiais, com os quais as pessoas também têm familiaridade.”

Ainda hoje, Muniz acredita que um dos maiores desafios da sua profissão é “gerenciar a criatividade”. Para ele, um artista precisa se expor e “estar conectado com tudo o que está acontecendo e também com sua própria relação com as coisas.”

“O material do artista é a experiência, é a vida. Você tem que viver esses processos.”

Em The Business of Life, o rabino e escritor Nilton Bonder conversa com personalidades de sucesso para abordar suas histórias em diferentes dimensões.

Entre os entrevistados em episódios anteriores, estão Pedro Bial, Abilio Diniz, Nora Rónai, Roberto Medina, Nelson Motta, Regina Casé, Luiza Trajano e Wagner Moura. Veja a lista completa.

The Business of Life também está disponível em VideoCast: