Via VarejoAbílio Diniz começou bem o feriado.

A renúncia de Francisco Valim ao cargo de CEO da Via Varejo vai chamar a atenção dos investidores para a alta rotatividade de executivos sob o comando do grupo francês Casino. O Casino controla o Pão de Açúcar, que por sua vez controla a Via Varejo, dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia.

Valim renunciou na quinta à noite, depois de apenas sete meses no cargo. No lugar dele, assume Líbano Barroso, um ex-CEO da TAM que já estava no conselho da Via Varejo desde fevereiro.

Essa é a segunda substituição de um CEO nas empresas do Casino nos últimos três meses. Em 20 de janeiro deste ano, Eneas Pestana, o CEO do Pão de Açúcar, renunciou ao cargo repentinamente, surpreendendo até as pessoas mais próximas.

“Até hoje não está claro por que o Eneas saiu”, diz uma fonte próxima ao Pão de Açúcar. “A saída dele foi muito esquisita, o cara estava indo super bem, estava super motivado, trabalhava até 11 horas da noite, até que um belo dia chegam o francês e o Ronaldo Iabrudi [outro executivo do grupo] dizendo que o Eneas estava desmotivado.. A explicação foi essa, e aí botaram o Iabrudi”.

Com passagens pela NET, Oi e Experian, Valim tem a reputação de ser um executivo de mercado, do tipo que os controladores chamam quando precisam preparar sua empresa para o IPO. Foi exatamente o que aconteceu no caso da Via Varejo. Valim foi contratado em agosto de 2013 e apenas quatro meses depois estava “vendendo” a empresa a investidores, numa oferta de ações de R$ 2,8 bilhões que permitiu a saída da família Klein do negócio.

“Ele é um executivo que já passou por empresas enormes, comunica-se com maestria com o mercado, mas conhece pouco a operação e gosta pouco de gente e de loja, que é a coisa mais importante para um cara que quer presidir uma empresa de varejo”, diz um gestor.

Diz um concorrente: “Na oferta de ações da Via Varejo, muita gente questionou a ida dele, porque ele ganha muito para ir para os lugares”.

As ações da Via Varejo, vendidas a R$ 23,00 na oferta, fecharam a R$ 23,90 nesta sexta, aliás, com um volume bastante acima da média.

Talvez na terça-feira, depois do feriado prolongado, a Via Varejo ofereça uma explicação simples e plausível para a saída de Valim. Se não fizer isso, o assunto ainda vai render muito, e pode prejudicar a imagem da empresa.